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terça-feira, 24 de maio de 2011

O monge e a poeta- mala nihil

Imaginem um lugar atemporal onde todos os personagens históricos que viveram em épocas diferentes,ou que viveram no mesmo tempo-mas em locais e em cenários distintos e distantes-possam se encontrar ,depois que morreram.

Mas, afastem da mente o bucolismo  dos possíveis espaços "além vida" do espiritismo e do budismo.
Seria uma espécie de "não lugar" o lugar que eu imagino.
Um local  onde todos podem se falar,- um deserto iluminado por um sol cor de gelo.

Os personagens históricos,segundo o que eu imagino- terão a mesma aparência que tiveram na fase juvenil de suas vidas, que é a aparência pela qual eles são conhecidos em ilustrações de suas biografias.

Uma jovem aparece rodopiando,dançando e cantando, sem parar.
Ela não é igual a mim em tudo.
É mais baixa,mais magra, mais espevitada,mas tem os meus olhos.
E canta preces aos deuses,faz hinos à vida,se preocupa ostensivamente com o amor.
O amor sob todas as suas faces.
O amor erótico- o amor familiar,o amor entre amigos, a fraternidade que precisaria imperar em nosso mundo- o belo sentimento de amizade, o amor à natureza.
Ela canta para deusa Vênus,e canta para a estrela mais brilhosa que tem no céu- à qual ela chama de Héspéros.
Joga a seda sobressalente do seu vestido,sobre um leão.
O imenso gato se levanta rugindo- ela vê sua pata entalada,e continua cantando,agora suavemente.
O dono do leão  olharia surpreso.
A maluquete tinha jeito para falar com os irracionais.
Não era diferente dele naquilo.
O gato ia se acalmando,e voltava a se deitar.

Ela olharia para ele,sorrindo,e lhe  perguntaria o nome.
Era um padre com um jeito de chato e pedante.
Muito acanhado,ele voltaria a sentar-se,sem responder ,e prosseguria a leitura de uma imensa bíblia ilustrada.
Ela se aproximaria curiosa.
Já sabia- embora tivesse nascido num tempo mais antigo,que aquele era o grande livro de amparo religioso de cristãos,judeus e islâmicos.
Já o tinha lido,um tempo antes,- todo aquele que um dia havia nascido na Grécia,como ela mesma,tinha na bíblia,uma das leituras obrigatórias,porque ela era um épico parcialmente produzido por seu povo.
Mas aquele senhor ao lado de quem ela se sentava,podia ser um romano,ou um italiano.
Muito calmo e sereno-ele prosseguia em seus estudos.
Vendo que ela não ia embora,ele começaria a falar das coisas sagradas, mantendo sempre a voz muit
 calma,de pedagogo.

Ela de chofre,se arriscaria a perguntar algo a ele.
Como lidar com a rejeição do público a uma obra importante realizada durante toda uma vida, e na qual se pôs todo o empenho,e os melhores sentimentos?
Apesar da sua euforia aparente,ela estava ocultando uma tristeza sem fim.
Um grupo de monges havia destruído seus nove livros.
De tudo o que fizera em sua vida de poeta,literata,cantora,e de senhora dedicada a festas-haviam restado aolguns poucos fragmentos que um dia seriam achados por arqueológos.
Mas,o que seria de um mundo que não conheceria suas melhores opiniões a respeito do quanto o amor ea significativo para alterar seus rumos?

Ele sorriria,quase amargo.
Também fôra rejeitado em cada um dos dias da sua vida.
Não fôra poeta,mas fôra outro tipo muito intelectualizado.
Era uma mistura de padre, com tradutor e intéprete,e ainda podia domar imensos felinos.
Arriscara-se numa empresa,na qual fôra o tempo inteiro - criticado, vaiado,mas às vezes,também,fôra ovacionado.
Assumira um risco maior do que o que podia alcançar.
Ocupara-se de uma tarefa pesada,mas que mudaria para sempre a cena  religiosa do mundo- e que popularizaria as idéias tidas como idéias centrais do cristianismo.
Traduzira a bíblia do grego e aramaico,para o latim.
Ainda não conseguia parar de encontrar em cada uma das linhas,os erros que cometera.
Pois vivera num tempo diferente do tempo em que aqueles textos haviam sido escritos.
Era um grande conhecedor do idioma que ela falava- mas não conhecia o modo de vida de pessoas como ela, do tempo dela.
Então,cometera alguns enganos na versão que fizera,que poderiam levar a erros interpretativos.

Ela logo se apressaria em consolá-lo.
Mas ele fizera o melhor que ele podia fazer!
E o mundo cristão ainda deveria agradecer a iniciativa dele,pois poucos teriam tanta energia para uma empresa tão séria como aquela
O principal, visivelmente,estava concluído,e atualmente- ela contava, muitos cristãos estavam tendo autosuficiência naqueles estudos,e podendo mesmo começar suas instituições religiosas.
Tudo porque ele um dia, traduzira a bíblia para uma linguagem que o povo podia ler, e a partir da qual,outras traduções seriam feitas com mais  facilidade.
Ela o tinha mais ou menos como um santo.

Sim,ela já sabia quem ele era,mas ele ainda demoraria um pouco para reconhecer a ela pelo jeito de falar.
Por seus temas e preocupações caracteríticos.

Eloquentemente,ela diria que ele era um personagem muito importante para a história do mundo,pois cumprira o maior desejo da deusa Vênus,que era o de ver um ser humano dedicando amor,complacência e consideração aos semelhantes.
Ele se preocupara com a educação do povo.
Já não estava bom?

Ele,agradecido pela  "força"- contaria que muito do que aprendera sobre os gregos,e sobre a idolatria deles ao amor,ele aprendera com os poemas que lera - escritos por ela, e que integravam os pergaminhos de sr.Máximo de Tiro- bem como do poeta Ovídio.
Ele também já percebera quem era ela.
Ela não deveria chorar pelos seus mortos.
Ou pelos seus papéis mortos, dizendo melhor.

As palavras dela viviam.
Viviam, e haviam vivido na imensa alegria e no imenso amor- de todos os santos que haviam passado pelo mundo.
Todas as coisas que as pessoas pensavam e descobriam, nunca ficariam escondidas.
Um passo a mais que um ser humano dá- é o passo da Humanidade inteira,ainda que ninguém jamais venha a  saber desse passo,e nem que consecução foi essa.
Ela teria que entender melhor- e acreditar nele,pois ele era um hierofante.
Acreditava em boa parte das possibilidades mágicas.

Os pensamentos e letras,mesmo quando eram apagados da história conhecida,sobreviviam em bibliotecas na atmosfera terrestre, sobreviviam no pensamento coletivo.
Os pensamentos que um dia ela havia manifestado,não eram mais dela,mas já eram de todo mundo.
E continuariam influenciando as pessoas até o fim dos tempos.

Abraçando-se ao gatão- a moça chorava emocionada, e o leão rugia baixo.
Dizia que ele e que seu dono eram muito ]"gente fina".

O padre, que já não tinha mais tanta vontade de continuar sendo padre, surpreendeu-se de encontrar aloguns pontos em comum com uma Madalena  grega,com uma mulher conhecida como pecadora e suicida.
Adivinhando os pensamentos que ele tivera,pois aquele bardo em que eles viviam,favorecia isso- ela logo responderia:

_Eu nunca tirei a minha vida, caro senhor.
Eu jamais teria proporcionado uma vergonha assim ao meu nome.
Isso seria incoerente com os meus princípios,e com minha devoção a Vênus.
As outras lendas ao meu respeito- acho melhor não  comentar.
Eu fui feliz,e envelheci em paz.
Morri de causas naturais,cantando em frente à baía de Lêucades.

_E eu tenho saudade da minha casa,na Sicilia...

_Eu e alguns amigos ficamos exilados lá por cinco anos,mas o senhor deve conhecer essa história.

_Claro,claro.
E não precisa comentar as "lendas   sobre sua vida".
Só por nos falarmos,posso entender que você nunca "errou".
De todo modo,o passado cabe mais lá no lugar onde ele tem que ficar mesmo- que é o passado.
Você vai ser cristã?

_Não,mas gostaria de ficar um tempo perto de vocês,que são cristãos.
Sabe,  senhora de Vênus é a matriarca de todas as religiões,sem exceção.
Ela ensinou tudo aos santos e aos budas.
O pacto do amor,e da salvação do mundo- é o maior pacto esotérico e religioso a ser feito pelos homens e pelas mulheres dos mais variados tempos.

_Eu jamais discordaria disso.

Ambos dariam a mão um ao outro.
Uma bela amizade começaria.
Ela conviveria por muito tempo com o sangha cristão.
Ele aprenderia tudo sobre literatura e sobre poesia grega antiga.

Um dia,ela voltaria à sua terra natal,e para os seus amigos poetas.
E continuaria cantando e poetando para sempre, -orando à senhora de Vênus pela salvação do mundo.

Ele,pelo seu lado, continuaria - lá no céu católico,cuidando do sangha cristão.

Mas agora,com menos chatura.
E com mais poesia.
Seu leão,acabaria nascendo no mundo,nba casa de sri Yogananda.
E jamais em sua vida,comeria carne.
Seria um exemplo de bondade felina,para o futuro grupo da Self Realization Fellowhip.
º
º
º
º
Eu descrevi o que eu suponho que poderia ter sido uma amizade entre a poeta grega Safo de Lesbos,e o São Jerônimo cristão,dois personagens admiráveis,em minha opinião- e que tiveram em comum,seu profundo humanismo.
Safo era mais selvagem em seu jeito de amar,e de gostar das pessoas- era mais provinciana,e mais diretamente afetuosa,ao passo que ele manifestou uma dedicação humanista à comunidade- realizando um trabalho difícil para o seu sangha religioso- em beneficio dos melhores interesses dos fiéis de todos os tempos e lugares.

Eu ainda estou aprendendo a escrever crônicas e contos.
Sempre fui principalmente poeta,a vida toda,mas desde que eu comecei a escrever nos gds do Uol,e do Terra-aprendi a fazer resenhas,e dissertações,e melhorei na arte dos contos.

Gostaria de fazer algo diferente, em literatura,que já foi tentado por um autor- mas cujo empenho não pôde falar da maioria dos pernsonagens históricos.
Isso porque ele não teve disponibilidade para continuar sua obra.

Desejo fazer o que foi representado por esse ensaio acima.
Ou seja,promover em meus contos,um encontro entre personagens históricos,e de preferência,se possível,não quero criar falas para eles,mas desejo fazê-los conversar,usando palavras que eles proferiram em vida,ou trechos de obras literárias por eles criadas.
Ou seja,quero fazer uma montagem,para que pareça uma conversa.

Tipo- já pensaram-um bate papo entre o imperador Ashoka e Cristóvão Colombo,entre Santa Tereza e Monge  Milarepa, entre Sócrates e Nietzche,entre o monge Serpente,da Índia,e Freud(acontece que o monge Nagarjuna desenvolveu um sistema de pensamento no budismo,muito semelhante  aos postulados da psicanálise), e etc,etc.

Se eu puder dedicar minha vida a isso,e se essa pequena obra se tornar rentável,ainda que postumamente, vou ficar agradecida...

Uma ótima noite,e um bom restante de mês aos leitores,espero que tenham curtido.

Eu quase escrevi esse conto no outro blog,mas como é esse site que pretende substituir o gd do terra,achei que essa apresentação ficaria melhor aqui.

Festejei assim,o aniversário do meu namoro com o Príncipe,que foi no dia dezesseis de maio.
Entre os dois,a poeta era eu.
Ele era o "grande centrado" - o grande idealista.

Ou seja, eu e ele,até hoje,nos assemelhamos aos personagens  do conto acima.

Até breve a todos.

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3 comentários:

  1. Por favor,não sejam muito impiedosos com meus erros de digitação.

    Escrevi na velocidade do meu pensamento,ou seja,escrevi depressa,temendo que esse conto ia ser difícil de ser escrito.
    Não foi tanto assim,mas eu acabei não reeditando.

    Teve uma altura em que fiz uma confusão com o cursor- e quase apaguei tudo.

    Acho que o texto em si,saiu bom.
    Minha idéia foi aceitável.

    Algum dia - essa historinha será publicada sem os erros de digitação- e sem erros ortográficos.
    E devidamente melhorada,no blog azul,talvez.

    Até mais ver.
    Espero de verdade que gostem,pois dificilmente irei conferir opiniões por esses dias.

    ..e pessoal,escreva outros contos e poesias aqui.

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  2. O que você queria saber,era se eu ia conferir sua opinião,sr.Anônimo. (kkkkkkkk...)

    Como eu tinha uma coisa da maior importância para falar ao sr.Hosaka hoje, e que não poderia esperar- já que eu não falei isso a ele ontem, devido a horário avançado na noite, então eu vim aqui, e vi sua mensagem também.

    Peça o e-mail e a senha do blog para a Selma.

    Escreva mensagens em destaque.
    E assine embaixo seu nique:

    Poli.

    Você terá bons textos para escrever- estou certa disso.

    Bom,minhas férias do blog,começam agora.

    Bye bye.

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