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domingo, 6 de novembro de 2011

Capitalismo não é um sistema político e sim um meio de produção

O capitalismo não indica apenas dinheiro, sendo este fruto de atividade, ou seja, de trabalho, mérito de quem se esforçou para tanto e direito natural de quem o exerceu, inalienável portanto.
Indica também a prevalência do capital e de maneiras especulativas de consegui-lo através de manipulação e informações privilegiadas por parte de quem tenha vultuosa quantidade de recursos, muitas vezes conseguida por herança ou por outros meios em que não houve mérito, de forma que o pão de cada dia é obtido sem o suor do próprio rosto e sim com o de outros (atualmente a coisa está mais civilizada - à força, mas está - e apenas o suor tem sido retirado e não o sangue).
Dinheiro enquanto meio universalmente aceito como pagamento por bens e serviços é bom, muito bom.
A maneira de consegui-lo é que são elas, principalmente quando o dinheiro assim conseguido passa a interferir de forma muito acentuada na própria administração da sociedade, de forma que o poder político torna-se uma extensão muito mal disfarçada do poder econômico e, com isto, impede a fiscalização que deve impedir os abusos e distorções que provocam as calamitosas crises econômicas que rotineiramente abalam estas sociedades.
O dinheiro é bom e eu gosto tê-lo, pois me garante acesso a recursos de que necessito (o próprio Einstein disse que o simples fato de termos estômago nos obriga a correr atrás dele nas sociedades atuais).
O problema é mais embaixo, é mais de base. O que também atingiu os modelos alternativos.
Como a socialização dos bens de produção e de capital trouxe consigo poder desmedido aos ocupantes dos cargos administrativos nos países ditos socialistas, e com isto a corrupção e degeneração destas boas intenções subjetivas em péssimos hábitos objetivos, o que incluiu o desrespeito ao direito à liberdade em nome de uma suposta justiça social inexistente de fato, apesar de propagandeada e alardeada como paradisíaca, a melhor alternativa prática que atualmente temos é a de sociedades em que há liberdade de ação e uma fiscalização eficiente, em que o Estado foi tomado aos capitalistas selvagens, os quais, com menos poder, civilizaram-se de modo a continuarem cada vez mais ricos e os pobres também.
Antes os ricos ficavam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, o que é insustentável no longo prazo e fatalmente produz, tanto na natureza quanto nas sociedades, a geração de tensões que resultam em eventos destinados a estabelecer um equilíbrio mínimo (tempestades e raios na natureza, revoluções e outras convulsões sociais nas sociedades humanas), o qual tende a ser tão mais violento quanto maiores forem as anistropias (desequilíbrio, desigualdade, iniquidade), chegando a levar os sistemas ao colapso.
Com a divisão do poder (que sempre corrompe e, se absoluto, corrompe absolutamente), temos melhores chances de progresso individual, social, nacional e planetário, pois o problema não está no sistema, está no ser humano, o qual, sendo o que é (que não é assunto para este texto) necessita ou de educação ou de controle.
Como não temos educação (considerados enquanto coletividade), nos resta o controle e a limitação de poderes, até que sejamos educados e minimamente civilizados, o que, convenhamos, está muito longe do que as nossas práticas fartamente demonstram (e neste caso, mesmo que algumas andorinhas existam, elas não estão em número suficiente para se sobreporem aos abutres e é melhor não deixar cabrito tomar conta de horta e fiscalizar os abutres).
Abraços a todos.
Apenas a Verdade prevalecerá
PS: originalmente postado no terapiadalogica como comentário.

2 comentários:

  1. Eu não tenho a menor ideia de como limitar o poder daqueles que tem muito ou daqueles que se vendem por tão pouco, mandando às favas as promessas que eles fizeram, quando procuraram os nossos votos.

    Mas, já que o assunto é limite de poder, eu acho que o Igor está beijando demais a minha sobrinha. Como é que faço para impor um limite nisso?


    [Meu Slogan: apenas a dúvida persistirá]

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  2. >< (1) A limitação do poder econômico se faz através do voto em pessoas que de alguma maneira se oponham de forma responsável ao desmedido poder econômico, de modo a impedir que o Estado seja sua extensão quase direta dele, o que impediria ou inibiria fortemente a capacidade da sociedade de limitar os abusos que o excesso de poder produz.
    (2) A limitação do poder político dos que colocamos no poder se faz através da fiscalização dos atos de quem ocupa os cargos pela imprensa, opinião pública, exigência de transparência e probidade da administração pública e pela troca dos que se sujam, através do voto ou de pressão da opinião pública. Quem se sujar deve ter o mesmo destino das fraldas na mesma situação.
    (3) Depende da idade da sua sobrinha e de algumas questões que não sei e nem tenho a menor intenção de ficar sabendo pelo restante da eternidade. Mas, só para você ficar mais tranquilo, pelo jeito você não pode fazer nada, o que é ótimo, pois se nada pode resolver, resolvido está. Deixa eles se entenderem, seu freio de mão estraga prazeres.
    (4) A dúvida persistirá até a Verdade prevalecer.

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