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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Em busca da Verdade

Olá pessoal,

Uma vez esclarecidos alguns detalhes de filosofia natural (física) e que não estou com a intenção de digladiar com ninguém que não seja ateu arrogante de sua suposta superioridade intelectual (em geral, os ateus que eu conheço pessoalmente são bem educados e orgulhosos de seus valores humanitários, e não de sua superioridade intelectual), vou tentar tratar outros detalhes (alguns metafísicos) de forma um pouco mais explícita, de modo a mostrar o que me levou a ter a opinião que tenho em relação ao mundo.

Há algumas décadas atrás, como eu não queria ficar prisioneiro do determinismo geográfico/familiar (que nos leva a adotar a doutrina de nossos familiares ou do grupo ao qual pertencemos, doutrina que pode ser até o ateísmo, também ele uma doutrina como outra qualquer, o que nos faz paus mandados pelo restante de nossas vidas sem mesmo desconfiarmos porque acreditamos no que acreditamos e nem porque fazemos o que fazemos) eu comecei um longo processo investigativo.

No começo fiquei sem saber o que era confiável e percebi a necessidade de uma base ser adotada e da qual não pudesse duvidar, pois se não fosse estabelecido algo mais firme, a minha opinião não passaria de crença, o que estava tentando evitar.

Isto me impediu de usar de sentimento, intuição, emoção, fé, textos e autoridade de terceiros, sejam eles quais forem. Tentei de me ater apenas o que pudesse ser considerada realidade ou verdade objetiva, isenta e imparcial.

Isto retirava mesmo a verdade científica do leque de opções, pois o que era verdade científica há um século é hoje motivo de gargalhadas na academia (e o que hoje é considerado verdade científica deverá levar até crianças a rirem-se muito de nossa ingenuidade em algumas décadas).

A primeira premissa que tentei estabelecer foi o que é a realidade, ou seja, o que é aquilo do que não podemos duvidar.

A respeito disto existe o paradoxo da verdade ou da realidade objetiva, que diz que será verdadeiro ou real o que, uma vez mortos todos os seres humanos, continuaria a ser verdadeiro ou real.

O paradoxo produzido por tal definição seria que a morte de todos não deixaria ninguém para saber o que é real.

Aparentemente isto não seria problema conceitual pois, mesmo que não sobrasse ninguém, um continente continuaria um continente, o conceito de país não teria mais nenhum sentido e uma rosa seria uma rosa ainda que não tivesse nem mesmo nome e muito menos observadores - o que nos dá uma pista do que efetivamente pode ser e do que pode não ser objetivamente real, ou seja, a essência das coisas.

Só que este método seria muito drástico, doloroso e deselegante (além de suicida), de forma que seria mais produtivo e civilizado arranjar outro critério. [Há poucos anos eu usei uma variável inofensiva deste método para estabelecer algumas bases, mas não é hora e nem lugar de tratar disto por enquanto]

Outra possível resposta seria que eu poderia considerar realidade o que é visto (ou de conhecimento) por quem tenha plena condição de observação do todo e das partes de uma dada estrutura ou evento.

O problema desta alternativa é que ela beiraria a onisciência e, como isto não nos seria possível na atual condição que experimentamos, inviável a mim (e aos demais pobres mortais deste blog).

Outra hipótese seria considerar que a realidade seria aquilo que pode e é observado de maneira convencional pelas pessoas em geral, sem necessitar de capacidades especiais.

O problema é que esta definição poderia deixar de fora do que seria considerado realidade muitas coisas existentes. Afinal, quando os europeus não viam e não sabiam da existência de pessoas na América, e vice-versa, ambas existiam.

Da mesma maneira vírus e átomos muito recentemente tiveram a sua existência comprovada, apesar existirem há um tempão.

A respeito disto muitos físicos dizem que apenas o que pode ser medido existe. Isto pode até soar bem, mas pode também nos levar a imaginar se eles pensaram para dizer isto, pois pensamento não é mensurável e existe (não sei na cabeça deles...).

Além do que, conforme disse o Carl Sagan, com o qual estou de acordo neste detalhe, ausência de evidências não é evidência de ausência, pois a falta de evidências da existência de corpos celestes muito distantes da Terra não os tornou ou torna inexistentes e irreais.

Como não encontrava saída para este impasse de forma mais eficiente, considerei que esta dificuldade poderia ser ao menos contornada da maneira que nos sugeriu Kant, ao dizer que, apesar de não podermos saber como o mundo é, podemos saber como nos parece.

Isto me levou a retornar, para todos os efeitos práticos, à ideia de que a realidade pode ser considerada como o que podemos em geral observar de maneira convencional e solidária, ou seja, pelas pessoas em geral e nas mesmas condições, auxiliados ou não por instrumentos e dispositivos desenvolvidos para melhorar a nossa capacidade investigativa.

E lembrando que a não observação de algo pela virtual totalidade das pessoas não é evidência de sua não existência. Apenas de nossa incapacidade de observar aquilo (não vemos campos elétricos, mas golfinhos veem, por exemplo).

Exceções e casos especiais poderiam ser sujeitos a ajustes mas, via de regra, entendi que podia assumir este critério como regra geral e tratar os casos diferenciados como fosse a eles adequado.

Uma vez definido o que poderia considerar real, pois saber o que é real exigiria atributos que não temos, me faltava a definição do que podemos considerar objetivamente verdadeiro.

Da mesma maneira que em relação à realidade, para não me ater a sentimentos, crenças, fé, textos, revelações, observações limitadas, sofismas e falácias, assumi que apenas me restariam as conclusões formalmente estabelecidas em função de evidências lógicas ou empíricas indiscutíveis, ou seja, em silogismos e teoremas e, em, questões quantificáveis, equações e fórmulas (que apenas são uma maneira dedicada de representação dos mesmos silogismos e teoremas pelos matemáticos).

Com estas duas premissas estabelecidas com alguma clareza, entendi que poderia estabelecer critérios fiáveis, o que me permitiu chegar às conclusões a que cheguei, o que me permite agora começar a explicar o motivo de eu ter a opinião que atualmente tenho em relação a alguns assuntos metafísicos, pois também neles usei os mesmos critérios, os quais se resumem à observação de fatos e à verificação da consistência lógica das alternativas e opções.

Por enquanto é isto.

Paz e Felicidade a todos.

Robson Z. Conti
Apenas a Verdade prevalecerá

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