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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Que saudade...

Dizem que a palavra saudade não tem tradução em nenhuma outra língua. O sentimento saudade, no sentido de sentir a falta de alguém, um pouco de tristeza e nostalgia é algo que só a palavra saudade transmite. Em todas as outras línguas, para se tentar  definir saudade não é possível fazê-lo com uma só palavra.



Por exemplo:
 inglês: i miss you



 holandês: ik mis je francês: je tu manque


alemão: ich vermisse Sie


E "I miss you" significa eu sinto sua falta. Seria uma definição de “saudade” mas não é a palavra “saudade".


Uma lista compilada por uma empresa britânica com as opiniões de mil tradutores profissionais coloca a palavra "saudade", em português, como a sétima mais difícil do mundo para se traduzir.
A relação da empresa Today Translations é encabeçada por uma palavra do idioma africano Tshiluba, falando no sudoeste da República Democrática do Congo: "ilunga".
"Ilunga" significa "uma pessoa que está disposta a perdoar quaisquer maus-tratos pela primeira vez, a tolerar o mesmo pela segunda vez, mas nunca pela terceira vez".
Em segundo lugar ficou a palavra "shlimazi", em ídiche (língua germânica falada por judeus, especialmente na Europa central e oriental), que significa "uma pessoa cronicamente azarada"; e em terceiro, "radioukacz", em polonês, que significa "uma pessoa que trabalhou como telegrafista para os movimentos de resistência ao domínio soviético nos países da antiga Cortina de Ferro".
Segundo a diretora da Today Translations, Jurga Ziliskiene, embora as definições acima sejam aparentemente precisas, o problema para o tradutor é refletir, com outras palavras, as referências à cultura local que os vocábulos originais carregam.
"Provavelmente você pode olhar no dicionário e encontrar o significado", disse. "Mas, mais importante que isso, são as experiências culturais  e a ênfase cultural das palavras."

Veja a lista completa das dez palavras consideradas de mais difícil tradução:
1. "Ilunga" (tshiluba) - uma pessoa que está disposta a perdoar quaisquer maus-tratos pela primeira vez, a tolerar o mesmo pela segunda vez, mas nunca pela terceira vez.
2. "Shlimazl" (ídiche) - uma pessoa cronicamente azarada.
3. "Radioukacz" (polonês) - pessoa que trabalhou como telegrafista para os movimentos de resistência o domínio soviético nos países da antiga Cortina de Ferro.
4. "Naa" (japonês) - palavra usada apenas em uma região do país para enfatizar declarações ou concordar com alguém.
5. "Altahmam" (árabe) - um tipo de tristeza profunda.
6. "Gezellig" (holandês) - aconchegante.
7. Saudade (português) - sentimento nostálgico, sentir falta de alguma coisa ou alguém (o significado não é consensual).
8. "Selathirupavar" (tâmil, língua falada no sul da Índia) - palavra usada para definir um certo tipo de ausência não-autorizada frente a deveres.
9. "Pochemuchka" (russo) - uma pessoa que faz perguntas demais.
10. "Klloshar" (albanês) - perdedor.


Ultimamente tenho sentido saudades atrozes de minha infância, da minha cidade natal, das minhas vovós que habitam os planos superiores... Enfim, de um tempo que não volta mais!

(Selma)



2 comentários:

  1. ROMANTISMO NO BRASIL
    2. CASIMIRO DE ABREU (1839-1860)

    A SAUDADE DA PÁTRIA E DA INFÂNCIA

    Vivendo três anos em Portugal, onde elaborou boa parte de Primaveras, Casimiro de Abreu desenvolveu o sentimento de exílio, que tanto perseguia os românticos. Inspirado em Gonçalves Dias, escreveu uma série de poemas impregnados de nostalgia da terra natal, denominados Canções do exílio. Neles, contudo, não chega a alcançar o nível de seu modelo.

    No entanto, não é apenas a saudade do Brasil e a correspondente sensação de estar exilado que anima a sua lírica. O que o consagrou foi a nostalgia (tipicamente romântica) daquelas realidades pessoais que ficam para trás: a mãe, a irmã, o lar, a infância. Tornou-se, por excelência, o poeta da "aurora da vida", do tempo perdido, das emoções da meninice. Mesmo sabendo que a infância não significa o paraíso, sucumbiu à doçura dessas lembranças.

    À parte isso, o poeta atrai o leitor com o ritmo fácil, a singeleza do pensamento, a ausência de abstrações, o caráter recitativo e o tratamento sentimental que empresta ao tema, garantindo a eternidade de pelo menos um poema, Meus oito anos:

    Oh! que saudades que tenho
    Da aurora da minha vida,
    Da minha infância querida
    Que os anos não trazem mais!
    Que amor, que sonhos, que flores,
    Naquelas tardes fagueiras
    À sombra das bananeiras,
    Debaixo dos laranjais!

    Como são belos os dias
    Do despontar da existência!
    - Respira a alma inocência
    Como perfumes a flor;
    O mar é - lago sereno,
    O céu - um manto azulado,
    O mundo - um sonho dourado,
    A vida - um hino d'amor!

    Que auroras, que sol, que vida,
    Que noites de melodia
    Naquela doce alegria,
    Naquele ingênuo folgar!
    O céu bordado d'estrelas,
    A terra de aromas cheia,
    As ondas beijando a areia
    E a lua beijando o mar!

    Oh! dias da minha infância!
    Oh! meu céu de primavera!
    Que doce a vida não era
    Nessa risonha manhã.
    Em vez das mágoas de agora,
    Eu tinha nessas delícias
    De minha mãe as carícias
    E beijos de minha irmã!

    Livre filho das montanhas,
    Eu ia bem satisfeito,
    De camisa aberto ao peito,
    - Pés descalços, braços nus -
    Correndo pelas campinas
    À roda das cachoeiras,
    Atrás das asas ligeiras
    Das borboletas azuis!

    Naqueles tempos ditosos
    Ia colher as pitangas,
    Trepava a tirar as mangas,
    Brincava à beira do mar;
    Rezava às Ave-Marias,
    Achava o céu sempre lindo,
    Adormecia sorrindo
    E despertava a cantar!

    Oh! Que saudades que tenho
    Da aurora de minha vida (...)

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  2. (poesia minha)

    Tanto tempo se passou,
    foi uma vida, e mais um tanto,
    e de nós o que sobrou
    foi a miséria sem acalanto,

    Fico só pensando na euforia
    que um dia
    foi uma paixão conhecida,
    hoje em dia tudo é tão cinza

    tão sem graça
    nada significa,

    ...

    tudo passa
    nessa vida
    todas as manhãs e todas as canções idolatradas,
    tudo passa
    letargia
    todos os nossos santos tem os pés de argila,

    de todos os sonhos
    só restará o esquecimento
    um dia não seremos mais capazes nem,
    de lamentos,

    as águas avançarão sobre as cidades,
    as areias fortelecerão as falésias,
    a ilusão da felicidade
    morrerá junto das camélias
    e passará com a Humanidade...

    °°°
    Não lembro direito como escrevi essa poesia,em 2.007.
    Pode ser que a reedição esteja melhor agora.

    Não pretendo que essas palavras levem à melancolia,mas que inspirem.

    Porque no fundo,no fundo,já faz um tempo que deixei de sentir saudades de antigamente.
    Ou seja,comigo está acontecendo o inverso.
    Vou me tornando mais "dura".
    Pode ser que essa seja uma defesa contra a tristeza por todo o tempo que vai passando, e por tudo o que sem querer,achamos que vamos perdendo.

    Um abraço.

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