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domingo, 10 de abril de 2011

Encrenca 256,

tentativa de texto poético  (a ser melhorado, depois)
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Toda noite, eu fazia isso.

Seguia por uma trilha longa no mato.
Atrás do desejo de fusão com a natureza.
Atrás da dissolução das minhas carnes, dos meus nervos, de tudo de que eu fôsse feita, atrás da "morte" do que eu chamo de ego.

Meu coração batia rápido.
A paisagem comum,mais semelhante a um cemitério onde a terra se enterrou para sempre- ia dando lugar a árvores altas, e muito juntas umas às outras.

Eu entrava no bosque.
Todo o ecossistema ali formava um "lar protetor".
As árvores, de formas estranhas, entrelaçavam seus galhos entre si, à semelhança da mistura de corpos amantes.
Animais há muito desaparecidos na fauna, por ali passeavam,voavam, pululavam.
Havia uma fonte, e um rio.

Flores terrestres, e epífitas- brotavam em todos os locais, e o próprio rio era coberto de lótus e vitórias régias.
Eu me feria nos espinhos das ervas medicinais, dos bambus de tamanho pequeno, das sebes encharcadas pelas chuvas.
Mas a floresta era um pouco refratária ao sol e à chuva, devido aos braços entrelaçados que haviam por cima de tudo.Ou seja, pelos muito galhos entrelaçados entre si, das velhas árvores, de raízes salientes no chão.

Tudo pensava, tudo falava.
Eu me assustava de perceber o quanto cada coisa no bosque, parecia me alertar sobre o perigo que havia na "primeira esquina".
Mesmo um rebaixamento no mato, me indicava a presença de cobras.
Outro fato me mandou não por a mão numa rosa vermelha, que na verdade era uma aranha.
Uma voz me mandou não me sentar em qualquer tronco caído, porque nenhum homem jamais cortara alguma das árvores, portanto não havia ali esse tipo de banco de praça.
Um tronco caído no chão, poderia ser um animal selvagem em estado de sono profundo.

Eu me sentava "em lótus" e ia embora sempre, voltando à minha vida de sempre, sem realmente fazer o que eu pretendia ali.
Ficava satisfeita em matar uma saudade dos "primórdios do planeta", em recarregar baterias, em lembrar sempre que eu fazia parte do planeta, que todos os meus pensamentos inclusive, eram iguais àqueles troncos de árvore que eu via por lá, que lembravam conexões neurológicas.

Mas voltava toda noite.
Voltava.
Conversava com o acaso, com as folhas, com as árvores,pois todos ali pensavam, todos ali podiam se comunicar.

Um dia, eu estava sentada na frente do rio.
Me foi falado que o que eu ia buscar lá sempre, era mais do que eu costumava ter toda vez.
Que eu não estava tão bem intencionada em relação a tudo o que eu queria para o meu destino.
Que não era exatamente a "morte" que eu estava desejando, que não era exatamente ser "Nada".

Eu olhei para cima, não soube quem falava.

Eu disse que tudo aquilo podia ser um preparo para eu ser lírica.
Ou podia ser que fôsse o contrário.
Quem o "lirismo" verde no qual eu sempre me empenhei, era um preparo para "reassumir um "eu" mais pagão".
Mais livre, mais amoral, mais simples.
Onde eu virasse a terra, e tudo o que alimenta todas as coisas vivas.


De repente, percebi que havia algumas implicações nisso, e vi qual seria uma delas.
Não, então eu deixei de desejar virar uma daquelas figuras arcimboldescas, que tanto eu já apresentei em sites.

Fugi na desabalada, enquanto tudo parecia querer me atingir.

Corri, corri feito louca.

De volta à segurança de casa, lembrei da canção do Roberto:

"porque seu coração é uma ilha, a centenas de milhas daqui".

Demorei um tempo para sair daquele "remoinho" em que minha mente havia entrado.

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Acordei do pesadelo, pesadelo que se repetiu por uns anos.

Decidi que eu não precisava mais "visitar aquele lugar mágico" para ter inspiração para escrever.
Tudo o de que eu precisava para isso, já estava "em minha pessoa".
Na minha mente, e no meu corpo inteiro.

Decidi que eu não precisava "me perder para me achar de novo"- que para fazer "parte de tudo"- o que eu tenho, é que ser uma pessoa "classe A".
Porque pessoas "Classe A" naturalmente, já fazem parte de tudo, e colaboram intensamente com a Grande Vida.

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Um bom domingo, uma ótima semana a todos.

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mala nihil

5 comentários:

  1. Observação:

    essa é o tipo da crônica que eu costumo por enquanto, só publicar no blog do sr.William.

    Resolvi escrever aqui, como um "grito no ar".

    Afinal, há dias, ninguém estava falando nada.

    Não sei se perceberam que tentei uma poesia lúbrica.

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  2. Esse bosque "erótico" existiu lá na Grécia, e era chamado de "Jardim das Musas".
    Foi onde Sócrates ensinou Fedro a escrever poesias.

    Não acredito que eu tenha feito alguma projeção astral àquele local- que eu acredito que nem existe mais.
    (já deve ser mais um viaduto para tráfego de automóveis)
    Acho que eu "acessei uma memória velha em mim,ou presente no inconsciente coletivo".

    Eu vim a ler sobre o Jardim das Musas, em algumas memórias do filósofo Sócrates, há pouco tempo atrás.
    Ele é parecido com o "bosque mágico" daqueles meus sonhos de menina.

    Mas, o mais importante, é que eu gostaria de ter provocado "alguma sensação" em quem leu.

    (hohohohó! )

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  3. No Estadão dessa segunda, o jornal comenta que o Ibama é incapaz de cobrar a multa de quem ameaça a biodiversidade dos bosques gregos com poemas pouco ecológicos: Nihil desafia o Ibama

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  4. Olá, sr.Hosaka, - eu li o artigo.

    Seria bom se as multas pagas servissem especialmente aos grupos e instituições que protegem o ambiente, gerando seus recursos.
    Se entendi bem- isso não está acontecendo.

    Oxalá, tenha tido um bom final de semana.
    Conta prá nós o que andou vendo na "telona" - depois.

    Até mais.

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  5. Feliz mesmo é o Hosaka: Enquanto os seus vizinhos viajaram, pegaramm trânsito difícil no feriado da Páscoa e sofreram com as praias lotadas, ele descansou na comodidade do seu barraco.hehehe

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