Eu particularmente nunca vi um programa da Hebe Camargo, eu achava que ela era apenas um puxa-saco do Seu Silvio, assim como foi o desastrado do Gugu. Enfim, nunca vi um programa em que ela entrevistava os seus convidados.
Desde 1977 é que deixei de ver televisão, e comecei a minha difícil tarefa de me alfabetizar através da família Mesquita. Dos três artigos que li todos os dias desde então até os dias de hoje, eu não entendo nenhum deles. A coisa mais chata do mundo é ler e não entender.
Mas eu tenho acesso à televisão, basta apertar o botão TV do meu monitor. E hoje foi um desses dias que apertei, e vi a Globo exibindo Zorra Total. Começou os comerciais, e pulei para a Record, Rede TV, Gazeta, até que cheguei na Bandeirantes. De lá, apertei 2 para chegar na Cultura.
Que surpresa, era a Hebe tossindo à beça. O ano é 1987. A Hebe estava cercada de um monte de jornalistas, todos fumando à sua volta, perguntando se ela recebia alguns trocados por ser simpatizante do Maluf. Ela disse que o Maluf é prepotente, que o Jânio não aceita críticas e que o Quércia não tem postura de governador.
O programa foi interrompido pela triste notícia de que o Brasil perdeu Carlos Drumond de Andrade, mas o Roda Viva deu prosseguimento, e um jornalista fez uma curiosa pergunta que deu novo rumo à entrevista: por que a Hebe sempre se mostrava nervosa, antes de subir no palco?
É que ela sentia o peso de sua responsabilidade. Não era um programa cultural, mas do outro lado da camera havia um feirante, um marceneiro, uma dona de casa, uma universitária, uma doméstica e até crianças vendo o seu programa. Enfim, ela estava preocupada em valorizar o tempo do telespectador.
Eu entendi a mensagem dela, e por isso agradeço à TV Cultura por ter homenageado a apresentadora que eu nunca vi, exibindo nesse momento bastante oportuno o belo espetáculo que ela fez, quando desabafou sobre a grande mágoa que enfrentou no palco, quando viu vários colegas indo para o olho da rua, e muitos entenderam que foi por culpa dela.
Foi uma bela entrevista, nunca vi coisa igual. Espero que os diretores de outras emissoras tenham visto esse valioso documento. A Hebe é uma das poucas pessoas que conseguiu conciliar o seu trabalho com suas limitações, ela parou de cantar porque a sua voz era ruim, não pousou nú em nenhuma revista porque não dá para só mostrar as pernas e as coxas nesse tipo de revista, e não entrou na política porque ela não é prepotente, não consegue ficar alheio às críticas e não tem a postura dos políticos, ela só tentou ser apenas uma estrela na vida dos telespectadores.
Acho que ser responsável é a tarefa mais difícil de todos nós. Parabéns, TV Cultura, por tentar passar em uma hora o que a Hebe deve ter tentado passar a vida inteira na frente das câmeras. Lamentavelmente não posso confirmar isso, pois não vi nenhum programa dela, mas essa entrevista me ajudou a enxergar melhor a apresentadora.
É lamentável, no entanto, que a cópia do programa no YouTube esteja sem som: Cópia sem som, mas pelo menos encontrei um outro vídeo muito pequeno do mesmo programa
nesse link
A noite dos tempos
ResponderExcluiro silêncio na alma
o gozo e o esquecimento
são prêmios que todos sem exceção
um dia,em breve,receberemos
também,
não há nada de novo,
no coração-
Hosaka, o boi falou e disse ; MÚÚÚÚÚÚ !!!
ResponderExcluirE vc "falou e dizeu",(ci)clone...
ExcluirComo vão seus vendavais?