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quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Ciência dos Sonhos

“Eu acordei com uma música maravilhosa na minha cabeça. Fui até o piano e comecei a achar as notas. Tudo seguiu uma ordem lógica. Gostei muito da melodia, mas, como havia sonhado com ela, não podia acreditar que tinha escrito aquilo. Foi a coisa mais mágica do mundo."

É dessa maneira que Paul McCartney explica a criação de "Yesterday", 45 anos atrás. A canção até hoje figura no livro Guinness dos Recordes como a música que ganhou o maior número de versões cover na história, por volta de 3 mil.
Deixando um pouco de lado a necessária dose de genialidade para a composição de um clássico dessa magnitude, sobram questionamentos sobre se o que aconteceu com o sonho do Beatle foi uma obra do acaso, uma predisposição genética ou uma técnica que pode ser decifrada e difundida. E hoje, como nunca antes, os cientistas se debruçam sobre os meandros do que acontece conosco enquanto dormimos, tentando descobrir seu mistério e, quem sabe, ajudar algum compositor dorminhoco a escrever uma nova "Yesterday".

É fato que os sonhos sempre intrigaram e foram objeto de estudo, mas o que está acontecendo agora é que eles estão sendo levados mais a sério por neurologistas, psicanalistas e biólogos. Enquanto a biologia procura explicar quais são as estruturas cerebrais envolvidas, a psicanálise se põe a investigar seu conteúdo. Da união dessas duas disciplinas nasceu a neuropsicanálise, uma tentativa de entender os aspectos físicos e psíquicos do sonho.

Nos últimos 50 anos, apesar de a ciência entender cada vez mais como nosso cérebro funciona quando estamos dormindo, os sonhos foram tratados como um subproduto do sono. Em 1983, o britânico Francis Crick, famoso por descobrir a estrutura do DNA, e seu colega Graeme Mitchison publicaram um trabalho afirmando que os sonhos funcionavam como uma espécie de lixeira virtual, descartando todas as memórias "inúteis" acumuladas durante o dia. Era o ápice da negação aos estudos do austríaco Sigmund Freud (1856-1939) - pai da psicanálise e autor de livros como A Interpretação dos Sonhos -, que ocorria desde o começo da década de 50.
Os estudos que vêm sendo publicados desde a virada do milênio e os novos livros programados para chegar às prateleiras neste ano reabilitam os pensamentos de Freud. Para ele, as imagens durante o sono simulavam nossos desejos e nos protegiam contra a dor e os traumas passados. Essas pesquisas também defendem a utilidade dos sonhos em ajudar a resolver problemas do cotidiano e organizar ideias, como aconteceu com McCartney.


FREUD ESTAVA CERTO?

Na avaliação de Carey Morewedge, professor assistente do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Carnegie Mellon, EUA, a verdade sobre os sonhos se encontra em uma intersecção das três teorias predominantes sobre eles: a freudiana; a de que sonhos servem para consolidar memórias e aprendizado; e a crença de que suas imagens são totalmente aleatórias. "É provável que haja um pouco de verdade em cada uma delas", diz.
"Freud acertou no que viu e no que não viu. A gente cada vez mais resgata a obra dele", afirma o brasiliense Sidarta Ribeiro, Ph.D. em neurobiologia, doutor em neurociências pela Universidade Rockefeller com pós-doutorado pela Universidade Duke, EUA, e idealizador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IINN), ao lado de Miguel Nicolelis, doutor em neurofisiologia pela USP, professor de neurobiologia na Duke e cotado ao prêmio Nobel de Medicina deste ano.

A dupla defende que os sonhos têm relação direta com o nosso dia a dia. "Eles estão ligados de uma maneira forte com aquilo que está acontecendo ao sonhador. Um exemplo: a gente sabe que pessoas que estão experimentando uma crise no casamento sonham bastante com isso", afirma Sidarta.
Luciano Ribeiro Pinto Júnior, neurologista e pesquisador da disciplina de medicina e biologia do sono da Unifesp, concorda. "Você sonha com coisas que viveu durante o dia. Imagine uma pessoa que encontrou um conhecido e sonhou com um contato sexual com essa pessoa. Juntou um desejo, uma emoção, a uma memória. A pessoa em questão pode representar alguma coisa ou ser só um instrumento para realizar o desejo."

A relação entre sonhos e o sexo é tema do livro Sex Dreams and Symbols: Interpreting Your Subconscious Desires (Sonhos sexuais e símbolos: interpretando seus desejos subconscientes), da psicóloga Pam Spurr. O título, lançado em janeiro, faz parte do boom editorial a respeito do assunto. Nos próximos dois meses, serão publicados três importantes obras somente nos EUA. Nenhuma delas têm previsão de chegar ao Brasil.


VESTIBULAR

Há pelo menos duas pesquisas nessa linha sob a supervisão de Sidarta. A primeira, conduzida por Rafael Scott, aluno do neurocientista e mestrando em psicobiologia, levantou o conteúdo dos sonhos de 94 estudantes que tentavam uma vaga na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Desse grupo, 27 vestibulandos entraram: 16 sonharam com a prova, 11, não. Entre as explicações levantadas por Scott para o resultado, a principal é que o sonho sinaliza a importância da prova para a sobrevivência social do aluno por meio do sistema de recompensa do cérebro. "Houve até quem sonhasse com a festa da aprovação."
Outro experimento também realizado por um aluno, André Pantoja, mobilizou 22 pessoas que jogam o violento game Doom. O objetivo do título é matar monstros usando armas capazes de explodir os adversários. Novamente, quem sonhou com o jogo obteve melhores resultados. "Nossa conclusão preliminar é que existe uma correlação entre a melhoria no desempenho e a intensidade do sonho relacionado ao jogo", diz Sidarta. Ou seja, sonhar dormindo aumenta as chances de realizá-los quando estamos acordados.

A relação não acontece por acaso. O especialista tem proposto nos últimos anos que a única maneira para entender a função dos sonhos é estudá-los quando os seres humanos estão diante de situações semelhantes àquelas vividas pelos nossos ancestrais. "O Doom e o vestibular são tentativas de estudar o sonho em um contexto de alto estresse. Os sonhos na vida contemporânea não revelam sua função porque a gente não enfrenta os problemas de 10 mil anos atrás. Se eu estiver com fome, vou a um restaurante. Para ter onde morar, basta possuir dinheiro para o aluguel."
Isso também explicaria os sonhos que não fazem nenhum sentido. Sem grandes problemas para resolver, o homem moderno tece uma colcha com pedaços de memória do cotidiano. Sem precisar lutar por comida ou abrigo, os sonhos modernos perdem sentido.


(clique na imagem para ampliá-la)


POR QUE SONHAMOS?

A resposta à pergunta acima continua desconhecida. Mas entre os vários motivos já especulados pelas recentes pesquisas está a regulação de emoções e fatos aos quais damos importância, minimizando os sentimentos perturbadores. Outro é selecionar e armazenar informações na memória de longo prazo, formando uma rede de experiências relacionadas que podem ser úteis no futuro.
Não foram apenas os Beatles que se beneficiaram com isso. A tabela periódica, segundo relato de seu inventor, o químico russo Dmitri Mendeleev (1834-1907), surgiu durante um sonho. Mágica? Não, provavelmente durante o sono o cérebro do químico organizou várias informações com as quais vinha trabalhando.
Talvez essa aparente "função treino" esteja relacionada com a importância das imagens mentais para a memória e o aprendizado. Segundo escreveu Jonathan Winson, professor da Universidade Rockefeller, EUA, falecido no ano passado, os estudos sobre a função do hipocampo, do sono REM e de uma onda cerebral chamada "ritmo teta" mostram que os sonhos são o reflexo de um aspecto fundamental do processamento da memória. Esse mecanismo ajuda a transferirmos informação da memória de curto prazo para a de longo prazo. Na prática, a função teria um caráter evolutivo: avaliar as experiências e estratégias de sobrevivência, melhorando nossas performances em diversos aspectos da vida.

Luciano Ribeiro Pinto Júnior acredita que não há um motivo específico pelo qual sonhamos. "Tudo é fruto da atividade cerebral." Segundo o neurologista, há estudos que comprovam a ligação entre o sono REM, o sonho e a memória, mas isso está se ampliando, já que pesquisas mostram que em outras fases também há mecanismos ligados ao armazenamento de informação. "O sono REM é importante para a memória, o aprendizado e a atividade mental. O sonho é consequência disso", diz.

A HORA DO PESADELO


Os mecanismos que desencadeiam os pesadelos se parecem com os dos sonhos. Ativam as mesmas áreas do cérebro, mas acionam circuitos diferentes. Uma pesquisa da Universidade de San José, na Califórnia, sugere que o estresse tem um papel importante nesse processo. Além disso, afirmam que os sonhos ruins possuem uma função benéfica.
Os pesquisadores dividiram os entrevistados em três grupos, de acordo com a frequência e intensidade de seus pesadelos, e avaliaram cada um em relação a fatores de estresse presentes no dia a dia. O resultado foi que aqueles que tinham mais pesadelos conseguiam lidar melhor com as dificuldades diárias, sugerindo que esse tipo de experiência proporciona mais jogo de cintura na hora de encarar os problemas.
Para Rosalind, os pesadelos ocorrem quando sentimos alguma emoção muito intensa, inesperada ou desafiante, sem nenhuma situação correspondente ou similar na memória de longo prazo para ajudar a processar aquela informação. "Isso chama a atenção da mente consciente para um grande problema a ser resolvido", afirma.

Um trabalho liderado pela professora avaliou os sonhos de pessoas com diagnóstico de depressão. Aqueles que tiveram mais pesadelos no início do sono tinham uma probabilidade maior de estarem com os sintomas da doença controlados depois de um ano, em comparação com os que tiveram mais sonhos negativos no final da noite. Para ela, isso indica que os pesadelos que ocorrem no início do sono estão prestando esse serviço de regulação do humor e alívio do estresse, enquanto que o pesadelo tardio pode indicar uma falha nesse processo.

Mas, é claro, sonhar é melhor que ter pesadelos. Em outro estudo, Rosalind realizou testes com pessoas que estavam se divorciando. Aqueles que tiveram mais sonhos positivos com o ex-cônjuge eram também os que estavam lidando melhor com o estresse da separação, sinal de que a qualidade do sono pode ser um reflexo do estado de espírito da pessoa ou uma maneira de "calibrar" a relação.

(clique na imagem para ampliá-la)

Geralmente é quando os eventos do dia causam uma ansiedade ou excitamento emocional que os sonhos nos mostram como nós estamos refletindo sobre tais questões. "Não quer dizer que temos que prestar atenção ao significado do sonho ao acordar. Eles cumprem sua função quer prestemos atenção neles ou não", diz Cartwright. Ou seja, mesmo que você não ligue muito para o que acontece durante o sonho, eles estão trabalhando duro para colocar seus pensamentos em ordem.
Ainda de acordo com Cartwright, aplicar na vida real o que acontece quando se está dormindo depende de entender os seus próprios sonhos. Essa linguagem não tem nada a ver com dicionários de simbologia, daqueles que associam sonhar que perdeu um dente com a morte de um conhecido e que uma cobra é sinônimo de traição.
Esse entendimento é pessoal, baseado em um sistema de códigos individual, formado pelas experiências de vida de cada um. Aí cabe a você analisar seus medos, desejos, decepções, e tentar adaptá-los ao que sonhou na noite passada. No processo, quem sabe, pode vir à luz mais um clássico da canção ocidental. Se isso não acontecer, é no mínimo reconfortante saber que a ciência está caminhando para desvendar o modo como a cabeça de Paul McCartney funcionou naquela manhã de 1964. Para os cientistas, o sonho não acabou.



Baseado em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG86898-7855-214-7,00-A+CIENCIA+DO+SONHO.html



(Selma)

12 comentários:

  1. Ramanujan, o gênio com números hindu da virada do séc. XIX/XX dizia que uma das centenas de milhares de deusas da Índia lhe dava as soluções que buscava. O que acontece é que nosso subconsciente não descansa e continua a procurar respostas, e geralmente elas vêm como uma "revelação" repentina, ou imagens num sonho. Paul McCartey deve ter tentado compor alguma coisa que não conseguiu acordado, mas, ao dormir, seu subconsciente juntou os dados e formou a canção.
    Tolice sem medida é a teoria de Kardec que diz que sonhamos porque nosso espírito se emancipa durante o sono do corpo e passeia por aí...tem muita gente que se acha inteligente e acredita nisso.
    Qual seria o significado dos sonhos do Hosaka em que as sombras do porão como que rastejavam em direção a ele para possuí-lo? Será que aquelas sombras representam um negão tarado? Fica a dúvida: negão tarado significa desejo homossexual inconsciente ou medo de sentir suas crenças ingênuas ameaçadas?

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  2. Hum, pelo visto vc acredita nas teorias de freud em relação aos sonhos.
    Mas vc viu quanta criatividade proporcionada pelo ato de sonhar? Agora me dê uma dica... O que estava escrito naquela camiseta? Estava em aramaico?

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  3. Hum... de vez em qdo eu sonho com uma dentista. Será que é fetiche?

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  4. Se Kardec estivesse certo, garanto que aqueles que lessem minha camiseta iriam responder no fórum.

    Mas espíritos não existem.
    Rivail foi um iludido que fomentou ilusões de ingênuos ou preguiçosos mentais. Os testes para provar que os tais espíritos são apenas manifestações de subconscientes sugestionados são muito fáceis.
    Dra. Selma, tenha coragem e invente que o espírito de um parente inexistente tem tentado se comunicar. Comente isso com os médiuns respeitados que a senhora conhece. Logo eles virão com mensagens desse espírito fictício e até receberão mensagens psicofônicas nas sessões do centro espírita. E nenhum dos "guias" que "trabalham" ali perceberá nada. é tudo ilusão, dona Selma, ilusão ou fraude, como no caso das materiaizações e de outros dos chamados fenômenos físicos. Ou vai querer me convencer que a senhora é tão trouxa como aquele lusitano imbecil que acredita na Josefa Musselina?

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  5. Boa noite a vcs.

    Depois eu tentarei de novo,postar no blog da Samay.

    Umas décadas atrás,tive um pesadelo que me preocupou- pois segundo um "dicionário de sonhos" que eu li,depois- aquele sonho era "premonição- ou medo do próprio enlouquecimento".

    Eu abria a boca numa rua escura,e gritava...mas não me saía a voz.
    Não,eu não gritava- sem ser ouvida.
    Eu fazia uma enorme força,mas a voz não saía.
    Pior do que esse, só mesmo o sonho com o "guardião do sótão"- uns anos antes,mas esse eu já contei umas vezes.

    Tanto tempo depois, ao menos o segundo pesadelo eu entendi plenamente.
    Não tinha nada a ver com a "loucura".
    Esteve vinculado às minhas múltiplas dificuldades de comunicação,e de me fazer clara, na época,e depois,futuramente.
    Eu escrevia belas poesias,mas de resto,me comunicava mal.
    Oralmente,e por escrito.
    E quando eu tinha a sorte de ficar fluente, não me sentia ouvida com empatia -por muitos,o que me deixava ressentida,e com uma tendência contínua à introversão.
    O que prejudicou minha clareza mental.

    Muito eu precisei-não só melhorar minha gramática e meus textos,mas também refazer a dinâmica dos meu contatos.
    Tive que aprender a me fazer simpática,para ser ouvida e para ser ao menos-entendida em parte.
    Falavam que eu era uma personalidade incomum-falam isso até hoje.

    Eu ainda nos tempos atuais,me sinto como se fôsse o "Teacher no feminino" no ambiente.
    Nem sempre me sinto segura para dizer tudo o que penso.
    Os nossos sites me ensinaram bastante a falar bem, a me fazer inteligível, e a apresentar minhas idéias de um modo que aceitem escutar.

    Não tenho um problema "fono"- isso tudo era uma questão de atitudes não aprendidas,mesmo.
    Mas, nunca é tarde para se recuperar um tempo perdido em que não se soube viver.

    Só fica tarde demais para se fazer alguma coisa importante,quando se morre.
    O pesadelo de anos atrás,estava me avisando da necessidade de resolver o tema.

    Dra Selma terá que ter mais tempo para lazeres e passatempos.
    Está precisando.

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  6. Eu ia postar orquídeas,mas por ora, não quero tirar certas postagens da primeira página.
    Portanto,vou arrumando coragem,para contar uma história real.
    Essa será minha segunda réplica a esse texto.

    No começo de setembro último,às vésperas de uma festa para a qual eu fôra convidada,tive um sonho engraçado.
    Fui (no sonho) fazer um curso de Gastronomia numa cidade do interior de Minas.(olhem que estranho...)
    Fiquei por lá uns três meses,e a carência-por estar longe de tudo o que eu melhor conheço,me fez engatar um namoro com um colega de estágio,chamado Joaquim.
    Mais novo do que eu.
    Nós nos formamos, eu voltei para casa,e arrumei o emprego desejado.
    Tratei de esquecer o moço,por quem eu não tinha ficado apaixonada.
    Nem tinha lhe dado o endereço da minha moradia.
    Tempos depois, me chamaram na sala.
    Quem estava lá,me esperando era uma visita para eu.
    Joaquim,que havia feito de tudo para descobrir onde eu morava.
    Queria casar comigo.
    Então,eu entendi que ele realmente gostava bem mais de mim,do que eu dele.
    Como nunca percebi algo assim ocorrer em minha vida real (kkkk...) ,fiquei boquiaberta,sem saber o que dizer.
    E por não saber o que dizer,acordei.
    A festa foi e passou.

    Mas,o sonho engraçado não me saía da mente.
    Lá por outubro,eu voltava do templo budista,num domingo,e fui num sebo onde antigamente,eu comprei uma enciclopédia de artes plásticas,que enfeita minha estante,agora.
    Sempre tem ali livros antigos,raros,e bem restaurados- com títulos ótimos para o meu interesse.
    Andei deixando de comprar livros,depois de saber que eu ia ter internet alternativa,mas vez por outra,ainda levava algum título para casa.
    Na vitrine, um livro de capa azul-mar,me chamou a atenção.
    "Eros,tecelão de mitos,a poesia de Safo de Lesbos".
    Já tinha ouvido falar nessa figura uma vez, e tudo o que eu sabia,é que ela tinha se matado por causa de um marinheiro.
    Embaixo -o nome do autor,
    Joaquim ... Fontes.

    Animadinha então,fui falar com o balconista,e ele me contou a história da moça-poeta,um verdadeiro enredo de ópera- e como eu gosto de óperas,comprei o livro.
    Voltei para casa lendo o mesmo, e não tive outro livro em mãos no mês que se seguiu.
    À medida que fui lendo aquela longa digressão que somou a biografia dela,suas poesias, a comparação dessas poesias com as de outros poetas gregos,isso tudo somado aos poemas de outros autores,de outros tempos, e mesmo,a um pouco da filosofia do dr.Sócrates,bem como aos devaneios do autor do livro, eu-que sou chorona-
    ficava sempre me emocionando.

    continua

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  7. Mas, até aí- o que vcs viram é que o autor do livro,foi o sr.Joaquim.
    Na verdade, mais velho do que eu- e realmente, um mineiro que mora em Minas.

    O que vou contar,

    ...é que escrevi algumas poesias semelhantes às dela,em diários pessoais,especialmente nos anos oitenta.
    Acontece que eu só conheci sua biografia real,e a obra, em outubro passado.
    Eu nunca plagiei outros autores.

    O temperamento nosso é semelhante,e reconheci em sua história, personagens da "minha cena atual".
    (o Príncipe foi um deles, na figura do Alceu)

    Caiam da cadeira.
    Ela se casou com um senhor chamado... Andros.(fiuuuuu...)
    De quem enviuvou rapidamente.
    Essa é uma história e tanto,e inclusive, na medida em que li e reli esse livro,entendi que ela nunca se suicidou-
    Ela nem namorou jamais,alguém chamado Faón,e essa foi só uma transposição de uma lenda grega sobre um barqueiro de Hades, que seduziu uma deusa- para a história de vida dela.
    Ela jamais iria se jogar de um rochedo onde os criminosos de milanos atrás, sofriam a pena capital.
    (do rochedo de Lêucades)
    Não levaria um perjúrio desses à sua família.

    Ela parou de ser uma poeta,mais ou menos, aos cinquenta anos, mas de todo modo, ver uma coincidência,inclusive,em nossos interesses literários,me deu coragem de começar a publicar minhas poesias- as quais até então,nunca alguém tinha visto.
    Ela teve fama de poeta erótica,e eu nunca vou saber se ela foi mesmo "gilete"-como ela deu a entender em alguns poemas conhecidos dela.
    Na verdade, o erotismo foi uma parte das letras por ela produzidas.
    Ela foi principalmente uma grande "namorada" da vida cinestésica,da natureza,foi uma poeta ecológica, que também teve forte interesse por aventuras marítimas,e cujos versos idem foram oblações religiosas aos deuses.
    Uma senhorinha realizada,em sua sensação de viver,mas que foi ficando idealista em demasia com o passar do tempo, e em função disso,passou a esperar demais da realidade.

    Minha poesia - na linguagem atual, é equivalente à acima descrita,- eu só lido mal com as questões do erotismo nas palavras,e também, sou perfeitamente unilateral em questões amorosas.(ou seja, só funciono como mulher... fiuuuu... ainda bem... kkkk...)

    Mesmo uma poesia que eu titulei de "boa noite,Afrodite", que eu compus em 1.993,para a estrela Vênus, tinha similar,e eu não sabia.
    "Vésper, leva para casa os carneiros, retorna a mãe ao filho,etc. "-ela,a Safo.
    "Ó estrela verspertina,deusa e rainha,quero te fazer um pedido, adormece nosso sonho...etc."-Nihil.

    Foi então que eu comecei a entender esse meu apego às formas da natureza,e essa minha obsessão por jardins.(devem estar lembrados dos meus arquivos,no gd do terra)
    Sempre tive uma vinculação meio paganística com a natureza.
    Adolescente,quando eu passeava por reservas naturais,e eu via uma igreja despontando ali no meio- achava isso antinatural,vejam se pode,e tive que educar minha mente para evitar esse preconceito.
    Acabei virando religiosa que nem todo mundo,e optando pelo budismo- cujo mestre,à semelhança da deidade Vênus, apregoou que todos só poderão se elevar,e se espiritualizarem decisivamente,juntos- e nunca separados.

    Sr.Joaquim,por outro lado, o primeiro personagem dessa crônica- teve sua razão em aparecer num sonho meu.
    Querendo "me tentar".
    Ele idolatra a poeta grega- e viveu em função da obra dela,a vida toda.
    Tem mais cinco livros escritos sobre ela, e esses contêm o restante dos fragmentos poéticos dela.
    São fragmentos,pois seus nove livros foram destruídos por uma ordem de fanáticos- poucos séculos depois de escritos.

    Claro que minha poesia é bem variada,e "praticamente continuou" e tem continuado há muito tempo,a dos Fragmentos dela.
    Mas, uma parte que foi escrita nos anos oitenta,e mesmo,nos anos noventa,ecoou aquele "jeito de falar".
    Mesmo meus escritos inéditos,refletem a força dessa visão mais passional da vida,do amor,e da religiosidade.
    Claro, de maneira atual,e nada bromcoió.(kkkkk...)

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  8. Saber,e ficar pensando nisso tudo,tem provocado um revolução em minha situação particular,e em minha filosofia de vida.
    Uma terapia não me teria dado tanto resultado.
    Ando mais calma,porque estou "me assumindo mais".
    Antes,eu tinha vergonha dos meus sentimentos,e bancava a durona,o que sempre me provocou um conflito de identidade.
    Isso ainda me ocorre, e eu me divirto,me fazendo de "severa",mas atualmente,já vou levando isso tudo mesmo- é na brincadeira.

    Meu destin,também está claro para eu,e a publicação frequente de poesias,fará parte desse destino.
    Já presenteei parentes com meus versos.(que se surpreenderam com eles)
    E planejo um livro,mesmo que não venha a me dar lucro nenhum.
    Consigo ter a certeza de que nasci para escrever- e que minhas dificuldades com o texto corrido,e não poético,serão superadas com muito treino e estudo.
    O tdah não é desculpa para me frustrar nisso,se mesmo dra Ana Beatriz Barbosa e Silva,é escritora.(a médica que sofre de tdah)

    Vcs devem ter reparado que eu pareço ser feita de letras e palavras, e é assim mesmo que sempre me senti.

    Não "escrevo mais" que nem a moça em questão- ou eu seria igual ao Castro Alves,o que não faço nenhuma questão de ser, pois eu já me encontrei em outras fórmulas de linguagem,que é igual a de qualquer "caipira do interior brasileiro",e aqui nessas paragens atuais,o que eu desejo é ser mesmo,especificamente provinciana,e especialmente,voltada para as questões ecológicas.

    Todavia, dá para "sentir um parentesco" entre nossos "ícones inconscientes".
    Ainda que eu goste de ser uma mulher apenas comum.
    Com forte interesse em Psicanálise, que se aprendida,irá promover mais versos.
    Pois a Psicanálise foi o grande reconhecimento de que os seres humanos são formados por almas,mas também são formados pela fome,pelas unhas,pelos dentes,enfim,pelas necessidades humanas.
    Elas fabricam a alma,e a alma fabrica elas.
    A Psicanálise é ciência da mente,é arte e poesia.
    Está próxima de uma "filosofia do espírito".
    º
    º
    Meu deusinho florido(deus Eros da mitologia grega) - te agradeço por saber que não tive nada a ver com Angulimala.
    Eu captei histórias e imagens sobre esse personagem-por ter sido inspirada pelo lado invisível do sangha,que tentou me ajudar a escrever meu "romance sério".
    Sri Buda não gosta de mentiras, atribuo a ele ter encontrado o livro de capa azul que eu encontei no sebo,no ano passado.
    Minha identificação com o "quase um brâmane" foi somente um equívoco.
    Eu não poderia ser essa criatura tão desembaraçada,se eu tivesse algo a ver com ele,mesmo...
    ...que pode ser bem um elemento mais introvertido, ainda nos dias atuais.
    Ainda que for algum artista,ou personagem semelhante.
    º
    º
    º
    Algum dia, vou dar uma conversadinha com o sr.Joaquim lá no Facebook,mas ele não vai ficar sabendo de nada,nem lerá minhas poesias.
    É meio tarde, para ele perder a ilusão que teve com essa poeta,e se isso o ajudou a viver, é bom que isso continue assim.
    Mas,quero "ouvir a voz dele" - porque esse ser me parece "do outro mundo" com sua inclinação para gostar.
    Eu estou começando a retribuir aos sentimentos desse poeta.
    (formal e platonicamente)

    Anacreonte foi um menino que permaneceu apaixonado pela poeta a vida toda,que se tornou um poeta da corte grega,e que de repente,pode ser esse "belo senhor" atual.

    Quanto a mim,passarei a vida idolatrando viver,e mesmo, sofrer em função do amor que se tem por viver.
    E continuarei idolatrando o amor.
    Mesmo que isso tudo leve a uma história que nunca mais terá um fim.
    A grande espiral do destino humano.
    Que se constrói não só pelas necessidades,mas pelos sonhos,e pelo sentimentalismo presente nas coisas da terra,e nas coisas do espírito.
    O amor une verso e transverso,une intenção e ação,une existência e Nada.

    Muito boa noite a todos.

    Estou agradecida por contar isso tudo.
    Vcs são meus amigos.
    ºººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººººº

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  9. Fui eu, a senhorita Nihil, a autora dos três textos entitulados "A Ópera".

    Fui eu,estou sendo eu que estou vivendo esse milagre todo.
    As "musas" da Safo,e os devas,do sangha atual,estão me ajudando,com certeza- finalmente olharam de uma forma mais amigável na direção dessa mulher comum,que sou eu,mas que mesmo assim,deseja "ser feliz e completa em alguma coisa".

    Vou continuar usando o apelido Mala Nihil,porque vcs já se acostumaram com ele.

    Mas,nunca tive nada a ver com Malas.
    A não ser que sejam "malas" como rosários de boas preces.

    ºººººººººººººººººººººº

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    1. ...era esse o texto que eu estava procurando.

      Não lembrava mais do título dele.
      Enviei-o ao meu blog.
      Agora faltam os de outubro de 2.012.

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  10. foto 3 x 4 da Maletona :

    http://www.americanas.com.br/produto/7354319/malaseacessorios/malas/tamanhop/mala-2506/45-p-em-poliester-preta-di-metallo<>

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  11. der gottlos, Sr. Hosaka, bom dia, auf wiedersehen, guten tagen, hehehe

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