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terça-feira, 19 de julho de 2011

Santas e anoréxicas

Santas e anoréxicas

Moacyr Scliar*


Na idade média, gordura era sinal de prosperidade e beleza. Tal exuberância causou indignação entre jovens religiosas, que passaram a recusar alimento


Por muitos e muitos milênios, e ainda hoje, para vastos contingentes populacionais a falta de alimento, não o excesso deste, constituía ameaça à saúde. Magreza era um perigo; estava associada com muitas doenças, sobretudo a tuberculose. Gordura, pelo contrário, era sinal de saúde.

Estes conceitos mudaram radicalmente. Obesidade, sabe-se hoje, predispõe a doenças. O obeso é, não raro, olhado com irritação; afinal, comer é uma forma primária, e fácil, de gratificação; remete à oralidade da infância. O obeso ocupa espaço, num mundo em que a expressão “estou buscando meu espaço” é constantemente repetida. Obesidade gera culpa e é combatida com providências às vezes drásticas. Mulheres jovens, sobretudo, restringem dramaticamente a ingestão de alimentos, não raro chegando à anorexia nervosa, uma situação que, entre parênteses, só no século XIX foi rotulada como doença. Uma doença para a qual chamaram a atenção os óbitos da cantora americana Karen Carpenter e, mais recentemente, da modelo brasileira Ana Carolina Reston Macan.


A anorexia começou a se tornar visível no início da Idade Moderna. Depois de séculos de pobreza medieval, a Europa entrou num período de prosperidade: as pessoas das classes mais elevadas passaram a se vestir bem, morar bem, comer bem – e muito. A gordura era sinal de prosperidade e, nas mulheres, de beleza, como mostram os quadros de Rubens (1577-1640). Esta exuberância suscitou protestos que, sobretudo entre religiosas jovens, tomaram a forma de recusa do alimento. Um exemplo clássico é o de Santa Catarina de Siena. Nascida em 1347, ela foi educada por uma mãe dominadora, com quem tinha uma relação conflituosa. Muito cedo começou a ter visões místicas e, a partir daí, passou a recusar o alimento e a se flagelar. Só comia alguns vegetais e frutas para não chocar demasiadamente as pessoas com quem convivia. A fragilidade de seu corpo antecipava uma morte precoce e, de fato, faleceu aos 33 anos. Já Santa Maria Madalena de Pazzi (1566-1607) via a vontade de comer como tentação do Diabo; Santa Rosa de Lima (1586-1617), além de jejuar, usava cilício e dormia em cama forrada de cacos de vidro, espinhos e pedras. Às sextas-feiras, dia da Paixão de Cristo, Santa Verônica Giuliana (1660-1727) ingeria apenas cinco sementes de laranja, evocando as cinco chagas de Jesus.

Séculos depois, movida por motivação similar, uma escritora francesa também ficaria conhecida pela anorexia: Simone Weil (1909-1943). De uma culta e abastada família judaica, Weil muito cedo tornou-se militante esquerdista e foi trabalhar como operária numa fábrica: penosa experiência, que retratou em La condition ouvrière (A condição operária). Deixou o judaísmo e passou a praticar um cristianismo peculiar, místico. Seu ascetismo manifestava-se na recusa de alimentos, coisa que aliás vinha desde a infância: aos 5 anos negava-se a comer açúcar, porque o uso do produto era racionado entre soldados franceses que lutavam na Primeira Guerra. Durante a Segunda Guerra, exilada nos Estados Unidos, limitava-se a ingerir o equivalente das rações dadas aos seus concidadãos na França ocupada: sentia-se culpada por ter alimento quando tanta gente passava fome e por ser poupada da guerra enquanto tantos soldados morriam. Seguiu-se a desnutrição, agravando a tuberculose de que já sofria; e, por fim, faleceu em Londres, onde tentava participar da resistência contra os nazistas. Sua trágica existência, mostra, entre outras coisas, que o alimento pode ter um aspecto simbólico importante. Tão importante que às vezes é capaz de ceifar vidas.



*Moacyr Scliar é médico, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras





Por volta dos 14-15 anos eu era bem gordinha. Isso acarretava os apelidos na escola... O famoso bulling. Resolvi fazer regime por conta própria. Acabei ficando com anorexia e perdendo quase 20 kilos.




(Selma) 

4 comentários:

  1. Aquele galego bobalhão que acredita mais nas esquizofrenografias do impostor e V-V-eado emperucado do que na NASA anda sumido. Será que o infeliz era menos imbecil do que eu pensava e já se convenceu de que o Peruquismo é mentira e impostura?
    Sei não, sei não...milagre existe?

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  2. O Espiritismo é a religião que melhor explica as agruras da vida. Nunca foi, não é e nem nunca será impostura.
    Humpf...

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  3. Primeiro: Espiritismo é nome enganoso, porque espíritos não existem e não podem ter revelado nada. O certo é KARDECISMO;
    Segundo: A teoria de que as agruras da vida são efeitos de causas com origens em outra vida não tem lógica porque gera um encadeamento sem fim e sem a lembrança das causas;
    Terceiro: Como não existem espíritos, TODOS os médiuns de efeitos físicos são impostores (Florence Cook foi desmascarada, a materialização da Josefa Musselina só engana trouxas etc.);
    Quarto: Se mediunidade existisse, na Índia haveria milhões de médiuns.
    Quinto, e mais importante: Se a doutrina kardecista fosse verdade, seria ocultada em vez de revelada, para não desvalorizar as boas obras. Kardecistas fazem o bem contando com as recompensas.
    Será que a senhora acredita mesmo em materialização de espíritos?

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  4. Hosaka passava em frente a um chaveiro quando viu uma placa:
    “Trocam-se segredos”
    Parou abruptamente, entrou na loja, olhou para um lado, olhou para o outro e cochichou para o balconista:

    - Eu sou gay e o seu segredo ?!

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