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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Liraglutida

A liraglutida  é fabricada no laboratório dinamarquês Novo Nordisk, foi lançada na Europa e nos Estados Unidos em 2009 e 2010 respectivamente e está há três meses no Brasil, com o nome de Victoza.  O fabricante e as agências de saúde só indicam o medicamento para o tratamento de diabetes do tipo 2. Ele, no entanto, também tem sido receitado para emagrecer – prática na medicina conhecida como off-label, ou fora do rótulo, na tradução literal.  Programado para durar um mês, o primeiro estoque de liraglutida que chegou ao país deve ser renovado em apenas uma semana.


O remédio tem se mostrado tão eficaz na perda de peso que o Novo Nordisk iniciou o processo para aprovação da liraglutida também como emagrecedor. Os resultados das duas primeiras fases de testes da substância em seres humanos já  foram publicados nas revistas científicas The Lancet  e International  Journal of  Obesity. O mais recente deles foi divulgado em Julho.  Foram acompanhados 500 homens e mulheres, em dezenove hospitais europeus. Em cinco meses de tratamento, 85% dos voluntários perderam em média, 7 quilos.


Comparado à sibutramina, o anorexígeno mais vendido no Brasil, o novo remédio promove uma redução de peso 50% maior maior em 5 meses.  O estudo publicado recentemente no International Journal of Obesity  mostrou que o novo remédio não só não faz mal ao coração, como provoca uma baixa nos índices de pressão arterial.. “O medicamento não interfere na química cerebral, como os emagrecedores tradicionais. Ele apenas imita uma substância que já existe no organismo”, diz o endocrinologista Freddy Eliaschewitz, diretor do centro de pesquisas Clínicas de São Paulo. Os efeitos colaterais da liraglutida são, portanto, menores. Nas duas primeiras semanas os pacientes se queixaram de náuseas e dores de cabeça.

Caixa com 2 canetas de 6mg/ml custa por volta de R$393,44 (injetável)


Nos próximos dias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve anunciar o banimento de três dos quatro anorexígenos disponíveis atualmente no mercado. Pelos sinais dados pela agência, ficará apenas a sibutramina – e, ainda assim, sob regrais ainda mais rigorosas.  


O novo remédio (liraglutida) imita a  ação  do hormônio GLP-1, envolvido nos mecanismos de saciedade e na produção de insulina pelo pâncreas (veja o quadro ao lado). Devido a tais características, trata-se do primeiro antidiabético com atuação significativa na perda de peso. O GLP-1 é sintetizado toda vez que o alimento chega à porção final do intestino delgado. Nesse momento, o hormônio ativa as células cerebrais da saciedade e reduz os movimentos intestinais de contração, prolongando a satisfação alimentar. Como a liraglutida não depende da chegada de comida ao intestino, ela atinge uma concentração na corrente sanguínea até oito vezes maior que a do hormônio natural. Mas ela só estimula o pâncreas a produzir insulina quando os níveis de açúcar no sangue estão acima do normal. Por isso, segundo os especialistas, não há risco de sobrecarga do órgão entre as pessoas saudáveis, sem diabetes do tipo 2. O remédio é administrado sob a forma de injeções diárias. O próprio paciente faz a aplicação, por meio de uma agulha de 6 milímetros de comprimento e menos de 1 milímetro de diâmetro acoplada a uma cânula de 16 centímetros de comprimento e da largura de uma caneta.
A liraglutida é fruto dos avanços de uma área relativamente recente da medicina, a que se propõe a esmiuçar a relação entre excesso de peso e o diabetes do tipo 2. Há 300 milhões de diabéticos no mundo, dos quais 14 milhões no Brasil. Deles, 80% pesam mais do que deveriam. No início dos anos 2000, o médico Steven Shoelson, professor da Universidade Harvard, revelou como as células de gordura aumentam a resistência do organismo à ação da insulina. Quando engordamos, as células de gordura inflam ou proliferam. Assim como as cancerosas, para garantir o aporte de nutrientes, elas criam uma rede de vasos sanguíneos a seu redor. O detalhamento desse mecanismo é a prova de que o ser humano não foi programado para carregar um amontoado de células de gordura. É antinatural, herança dos piores hábitos da vida moderna. Com a liraglutida, finalmente, a medicina livra-nos desse fardo. Ao aumentar a sensação de saciedade, sem causar danos, ela pode ser considerada a bala de prata contra o excesso de peso.



Há um outro medicamento chamado topiramato (Topamax, Amato e Toptil) , que no passado foi indicado para crises convulsivas e hoje é indicado para tratamento de crises de enxaqueca. Tem também um efeito colateral interessante, produz anorexia e consequente perda de peso. Também na bula há uma alerta, dizendo o medicamento provocar confusão mental.

Confesso que nunca senti nada disso, tomo o topiramato já há algum tempo, e  meu raciocínio continua ótimo como sempre, sem problemas de concentração ou atenção, sendo que só sinto problemas quando tenho as dores de cabeça. Como não as tive mais, está tudo normal.
Sofri muitos anos com enxaqueca, dessas de ficar trancada no quarto, no escuro, com náuseas e vômitos. Tomando o topiramato já estou sem crises de enxaqueca há tempos, e o que é bom, mantendo o peso. Mas eu  nunca fui obesa. Antes eu tomava muitos analgésicos, o que acabou causando uma lesão no meu estômago e que a duras penas estou reparando, à custa de alimentação controlada e assistência médica.

Não recomendo nem a liraglutida e nem o topiramato para quem somente precisa perder peso. O melhor mesmo é procurar um endocrinologista e seguir uma dieta equilibrada e exercícios.


Jesus falou que o problema não era o que entrava pela boca e sim o que saía. Naquele tempo  penso que não existiam pessoas obesas. Hoje o  problema é tanto o que entra pela boca quanto o que sai pela boca.

Talvez o melhor mesmo  seja jejum e oração...



Baseado no artigo da Veja , edição 2233 de 07/09/2011, na reportagem de Adriana Dias Lopes.




Selma

2 comentários:

  1. R$ 393,44 ?? Não é a toa que o paciente perde 7 kg, esse é o dinheiro da feira de dois meses!

    Excelente matéria, Selma.

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  2. Meu IMC é 23.12
    Meço 1.86m, peso 80 Kg, tenho 46 anos, perto dos 47.

    O que incomoda mesmo, qdo passo deste peso, é um papinho e uma barriguinha, acentuados pelo consumo , diria excessivo, de cerveja...detesto malhar, correr. Gosto mesmo é de andar de moto, mas isto não é um grande exercício.

    É uma tentação utilizar qualquer artifício para perder uma gordurinha...

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