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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Medicina e Espiritismo

No Espírito da Cura


Na luta contra o câncer do sistema linfático, o ator Reynaldo Gianecchini também recorre à cirurgia espiritual. Milhões de doentes graves aliam métodos alternativos ao tratamento convencional, agora com a aprovação da medicina, que reconhece os efeitos positivos dessa prática.



Sábado, 20 de agosto. Vítima de um câncer no sistema linfático raro e agressivo, o ator Gianecchini de 38 anos , estava  internado havia quase um mês no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Sua mãe, Heloísa, e a sua irmã mais velha Cláudia, faziam-lhe companhia no quarto 925. Às 4 e meia da tarde, o ator deitou-se na cama de lençóis recém trocados. Ele vestia uma camiseta branca. De barriga para cima, os braços estendidos junto ao corpo,  Gianecchini fechou os olhos. No criado-mudo, à direita do leito, um copo de água mineral coberto com um papel. Por quinze minutos, o silêncio foi absoluto. Simultaneamente, a 400 km da capital paulista, na cidade de Franca, no interior do estado, o médium João Berbel, de 56 anos, deu início a mais uma de suas cirurgias espirituais a distância. De jaleco azul-claro, estendeu-se sobre uma das trinta macas de um galpão de 200 metros quadrados do Instituto de Medicina  do Além. Cerca de 400 pessoas acompanharam o ritual. Eram parentes e amigos de uma centena de doentes em todos os cantos do Brasil. Entre eles, estavam os tios paternos do ator, Fausto e Roberta. Às 4 e meia todos , todos fecharam os olhos e “mentalizaram” a cura dos entes queridos.


 Não é preciso  levar a fotografia do enfermo ou revelar a graça a ser alcançada – basta estar na mesma “sintonia fluídica”, como define o médium. “Formamos uma corrente mento-eletromagnética”, diz Berbel. No dia seguinte ao procedimento espiritual, Gianecchini tomou a água mineral benzida pelo médium em três doses – antes do café da manhã, do almoço e do jantar.
Em sua luta contra a doença, o ator conta com os melhores especialistas do Brasil e recursos médicos extraordinários. Ele não dispensa, contudo, o acompanhamento do médium Berbel.


Desde 1996, o então mecânico elétrico Berbel diz ter começado a incorporar o espírito do clínico geral Ismael Alonso y Alonso, o “médico dos pobres” – prefeito de Franca nos anos 50 e vítima de um infarto fatal em 1964. “É visível a melhora do meu sobrinho desde o início do tratamento com o doutor Alonso”, afirma a tia Roberta. “Ele está mais confiante para seguir o tratamento convencional, pois tem a certeza de que vai superar o câncer.” Gianecchini segue à risca as orientações de Berbel. Uma semana antes e outra depois da cirurgia espiritual, por exemplo, ficou sem comer carne. Todos os dias após o almoço ingere uma cápsula de plantas ditas medicinais, fabricada no laboratório do Instituto de Medicina do Além, na periferia de Franca. A última vez  em que Gianecchini e Berbel estiveram juntos foi na alta do ator, em 26 de agosto. Depois de passar pela primeira sessão de quimioterapia, Gianecchini recebeu a visita do médium.

Médium João Berbel, líder de um centro espírita que ocupa 9000 metros quadrados em Franca/SP, chamado Instituto de Medicina do Além.


“O doutor Alonso colocou uma mão na cabeça e outra no pescoço deo Reynaldo, justamente onde está o foco do problema de saúde”, lembra Berbel. Em seguida, ainda conforme o médium, o espírito incorporado fez uma oração pedindo a cura, proferiu uma reza batizada de “oração para Jesus” (de sua própria autoria) e encerrou o ritual com um pai-nosso. Antes de desincorporar, o doutor Alonso teria dito a Gianecchini que saísse pela porta da frente do hospital e mostrasse aos fãs que estava pronto a enfrentar a guerra contra o câncer. “Eu me sinto forte, e parte dessa força vem do amor das pessoas que torceram por mim e me apoiaram”, declarou Gianecchini, na saída do hospital. De presente, levou para casa um exemplar de O Cavaleiro da Sombra, em defesa dos índios nos planos terrenos e espiritual – um dos 175 livros escritos pelo médium.
Espírito Ismael Alonso y Alonso, médico morto nos anos 60.


A família Gianecchini conheceu Berbel em março passado. Na ocasião, o pai do ator, também chamado Reynaldo, começou a visitar  o instituto semanalmente como parte do tratamento de um câncer do pâncreas e do fígado – que inclui ainda sessões de quimioterapia em um hospital de Ribeirão Preto. Na semana passada, no entanto, Gianecchini pai cancelou a visita ao médium para ir a São Paulo encontrar seu filho, que pedia para vê-lo. Segundo as poucas pessoas que mantém contato com o ator, ele ficou abalado com a morte do galês Andy Whirtield. O protagonista da série Spartacus  sucumbiu a um linfoma tipo não Hodgkin.

A busca de Gianecchini por amparo espiritual é compreensível, bastante comum e aceita por boa parte dos médicos. No Brasil, 80% dos pacientes oncológicos, em complemento aos tratamentos oferecidos pela medicina tradicional, recorrem a terapias não convencionais – com frequência ligadas a algum tipo de crença espiritual. “Padres, rabinos, médiuns sempre entraram  e saíram dos hospitais pela  porta dos fundos”, diz o mestre de reiki Plínio Cutait, coordenador do departamento de Cuidados Integrativos do Hospital Sírio-Libanês. “Só recentemente a medicina passou a reconhecer a existência de tais práticas.”



Conhecido como linfoma não Hodgkin T angioimunoblástico, o câncer  de Gianecchini reúne as três particularidades mais temidas: é raro, agressivo e resistente. Representa apenas 1% do total de linfomas. No Brasil, isso significa 130 novos casos por anos. “O número reduzido de doentes dificulta o desenvolvimento de estudos específicos para esse tipo de tumor”, diz o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo. È baixa a resposta desse tipo de câncer aos tratamentos. “As células doentes têm um mecanismo de sobrevivência extremanente elaborado, expulsando os medicamentos com grande facilidade”, diz Carlos Chiattone, diretor da Associação Brasileira de Hematologia e Memoterapia e hematologista do hospital Santa Casa, também na capital paulista.  Por isso a quimioterpaia tem que ser muito pesada.

Dentro de quatro a seis meses, Gianecchini deve receber um volume até cinco vezes maior de quimioterápicos. Para restaurar o sistema imunológico, ele será submetido a um transplante de medula óssea autólogo. De uma amostra de sangue, os médicos coletam células tronco do próprio paciente e, ao final da quimioterapia, as reinjetam no organismo do doente. Essa técnica contribui para reduzir em cerca de 30% a taxa de mortalidade pelo linfoma Hodgkin T angioimunoblástico.


Revista Veja – edição 2235 – 21/09/2011
Reportagem de Adriana Dias Lopes, Alexandre Salvador e Giuliana Bergamo







(Selma)

2 comentários:

  1. Uai... O 233 nem ligou para esse post... Será que o problema dele é só com o Frei Luiz? rsrs...

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  2. Dizem que o Pastor Ozaca está tentando cruzar um pica-pau com um pombo-correio. Teremos um pica-pombo. Qual a finalidade? Será um pombo-correio que bate na porta e já entrega a correspondência, hehehe

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