Por Paulo Santoro
Algum poeta alguma vez disse alguma coisa como "não há arte revolucionária sem linguagem revolucionária". Essa frase é apenas de efeito (a lógica pode desmascarar frasismos) ou deve ser vista como parâmetro realmente funcional para a avaliação de percursos artísticos?
O mercado cultural barateou os dignos nomes de cada arte, esvaziando sua estética, e o criador autêntico sabe que deve contrapor-se a isso. Parece-me consciente, por exemplo, a revolução de Brecht, que inovou e sempre se dispôs a formar e informar seu público, trazendo-o realmente à reflexão. Sua "revolução" participava um conteúdo de sensível relevância.
Mas muita poesia que tem sido feita hoje — com base em impressões supérfluas do cotidiano, palavras esparramadas e muito desejo de concisão astronômica — relega ao leitor um papel subalterno de desvendador de quebra-cabeças miúdos. O leitor não forma seu bom gosto pela estética formal, nem se informa pelo conteúdo: cabe-lhe admirar o maneirismo lacunoso do rabiscador de letras minúsculas em poemas de caixa-baixa.
Ocorria o contrário com nossos últimos "papas". João Cabral e Drummond são espetaculares porque uniram, a um trabalho formal peculiar e enriquecido, conceitos humanos de importância. Severas críticas modernas à sociedade em nosso século foram armadas pelos concretistas originais. Se João Cabral ou José Paulo Paes exigem às vezes que o leitor dedique-se para alcançar suas idéias, os louros conquistados pelo vencedor acabam como bastante concretos em seu espírito. Seu leitor não é um ser inferior.
O que aconteceu? Para sobreviver neste mundo em que o capitalismo "venceu" — para sobreviver como ideólogo mesmo, não como ser físico — o poeta contemporâneo tem precisado apoiar-se numa profunda egolatria. Se não se auto-enganar (utilizando aqui a análise de Eduardo Gianetti), cerrará as portas de seu botequim de poesia e procurará outra coisa para fazer. Enquanto os capitalistas lideram no mercado das artes com seus padrões rígidos de execução (isso vale para cinema, música, literatura, teatro), certos poetas (profissionais ou amadores — como discerni-los, num mercado tão restrito e de tanto prejuízo?) precisam se resguardar numa ebúrnea torre de arrogância.
Entretanto a aflitiva precipitação desses poetas a tudo que pareça ruptura formal perde-se no curioso engano dos retardatários: um modelo já usado apenas parece inovador, mas não revoluciona mais, o que só deverá ser percebido no momento de historiarmos esta fase.
Em que período literário vivemos? O dos epígonos do concretismo!
I Juca Pirama, de Gonçaves Dias, parte V
ResponderExcluirUm velho Timbira, coberto de glória,
Guardou a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Dizia prudente: – "Meninos, eu vi!
"Eu vi o brioso no largo terreiro
Cantar prisioneiro
Seu canto de morte, que nunca esqueci:
Valente, como era, chorou sem ter pejo;
Parece que o vejo,
Que o tenho nest’hora diante de mi.
"Eu disse comigo: Que infâmia d’escravo!
Pois não, era um bravo;
Valente e brioso, como ele, não vi!
E à fé que vos digo: parece-me encanto
Que quem chorou tanto,
Tivesse a coragem que tinha o Tupi!"
Assim o Timbira, coberto de glória,
Guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi.
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Tornava prudente: "Meninos, eu vi!".
Os Luzíadas, de Luis Vaz de Camões, canto 10, trecho 7-9
ResponderExcluir7
Com doce voz está subindo ao Céu
Altos varões que estão por vir ao mundo,
Cujas claras Ideias viu Proteu
Num globo vão, diáfano, rotundo,
Que Júpiter em dom lho concedeu
Em sonhos, e despois no Reino fundo,
Vaticinando, o disse, e na memória
Recolheu logo a Ninfa a clara história.
8
Matéria é de coturno, e não de soco,
A que a Ninfa aprendeu no imenso lago;
Qual Iopas não soube, ou Demodoco,
Entre os Feaces um, outro em Cartago.
Aqui, minha Calíope, te invoco
Neste trabalho extremo, por que em pago
Me tornes do que escrevo, e em vão pretendo,
O gosto de escrever, que vou perdendo.
9
Vão os anos descendo, e já do Estio
Há pouco que passar até o Outono;
A Fortuna me faz o engenho frio,
Do qual já não me jacto nem me abono;
Os desgostos me vão levando ao rio
Do negro esquecimento e eterno sono.
Mas tu me dá que cumpra, ó grão rainha
Das Musas, co que quero à nação minha!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, Princesa,
ResponderExcluirTenho nesse bloque
uma concorrente
que rouba o seu espaço
para um outro príncipe,
com versos e trovas
A vida é cheio de surpresa,
jamais imaginei em fazer uma poesia,
não que você não mereça,
mas é porque não tenho
a mínima ideia de como fazer uma.
Sempre achei a poesia
um monte de palavras espalhadas no papel
onde ninguém sabe
quem está falando
para quem está falando
e para que.
Mas se hoje uso esse tipo de escrita
é porque eu quero deixar claro
as minhas intenções no blogue,
o de fazer brilhar aqui
um pouco do que sinto por você.
Se eu fôsse a princesa
ResponderExcluirhoje eu te abraçava até não poder mais
quero te agradecer e um pouco mais
por nos oferecer a sobremesa
das palavras
escrita por outros vestais
melhores do que essa que vez por outra,dá umas rimadas.
Essa mulher que não gostou de vc
pode ser uma tonta
Eu sempre me emocionei
com suas crônicas
e agora espero
gostar dos seus versos
como eu hoje eu já gostei.
(hehehe!)
melhorando o final,
ResponderExcluir"e agora doravante espero
gostar também dos seus versos
como hoje eu já gostei".
Um dos motivos pelos quais no passado,tive vergonha dos meus versos,não foi só o excesso de "mundo particular" neles presente.
ResponderExcluirQuando soube que Safo de Lesbos também foi subjetivista, me senti à vontade para mostrar minhas líricas.
Eu também tive pejo de apresentá-las a quem quer que fôsse,porque eu nunca consegui escrever concretismo,ou neo-concretismo,a não ser numa poesia religiosa entitulada "Pensamento"- publicada aqui em 2.011,e no blog do sr.William.
O concretismo pressupõe uma preocupação maior com o formato dos textos,do que com o conteúdo.
Chico Buarque também só conseguiu essa façanha numa única canção que ele fez.(Construção)
Numa das últimas bienais de arte contemporânea nas quais eu fui,vi a arte de duas poetas modernas,que criaram uma poesia,e depois montaram um jogo de cubo com as palavras presentes na mesma.
Eu achava que "nunca mais" valeria a pena eu me mostrar tal como eu sou,em meu modo de escrever.
Depois,li um artigo não sei aonde-escrito pelo marido da feminista Marina Colasanti-que é poeta- dizendo que o concretismo "acabou com a poesia brasileira".
A timidez de mostrar os próprios versos,por não se conseguir escrever "daquele jeito" ocorreu a todo mundo que se expressa de uma forma normal,e aí os espaços midiáticos foram "dominados" pelos que escrevem de outro jeito,ou pelos que privilegiam temas banais.
A poesia mais sentimental,continuou fazendo parte apenas da MPB.
Atualmente, o "jeito antigo" está reaparecendo- assim como muitos andam comprando quadros de pintura neoclássica para decorar suas residências.
Eu sou uma dessas expressões que resolveram "dar uma de gay",ou seja,que resolveram "sair do armário".
Nunca tive a esperança de ganhar dinheiro com isso,para mim,esse é um passatempo.
Se algum dia eu fizer sucesso como cronista,espero que seja compondo contos ficcionais.
Mas,sou metida que nem todo poetinha é.
O autor do artigo tem razão.
Qualquer um que pode fazer versos,é meio arrogante.
Não gosto muito de esoterismo nessa parte,nem de juntar filosofia e versos.
Mas, fantasio em ser o "Roberto Carlos" dos cadernos de literatura.
O cantor Roberto Carlos.
Gostaria de ser tão sentimental,que as pessoas se emocionassem(sentimental,sem ser "power point")
Como uma Safo rediviva,continuo "bordeline".
E desejando repartir meu mundo de risos e lágrimas com alguns leitores que também gostem de rir e chorar.
Parece que,na impossibilidade de falar de religião por incompetência, querem transformar o Blog em encontro poético...cada uma!
ExcluirOutra coisa, srta. LG: Safo (ou Psappha, como ela se referia a si, no seu grego eólico) não era "escura", como tradutores que não sabem inglês têm colocado. "Small and dark" significa "pequena e morena, ou de cabelos e olhos negros).
Bom dia, Adilson.
ExcluirQuando eu ficar inspirada para escrever poesias, tentarei escrevê-las sempre nos espaços de réplica das crônicas do sr.Hosaka.
A descrição da "Psapha" que vc acabou de contar,eu também conhecia.
Prefiro romanticamente,acreditar na negritude dela.
Não se "preocupe".
ExcluirConcomitantemente com isso,irei também continuar apresentando a série "Viagens Maionésicas", que como já contei,especulará sobre reencarnações possíveis,e portanto,será mote para debates religiosos.
Para Selma,e/ou para quem puder me ajudar.
ExcluirEstou desejando(precisando também) transferir minha página poética aqui no blog para o word.
Todavia,não estou conseguindo fazer isso.
Quando clico em "selecionar" a tela fica azul,normalmente.
Então,tento clicar em "copiar".
Também consigo.
Todavia,quando entro no word,e clico "colar",não aparece nada.
Não costumo ter tal problema,com as páginas mais curtas daqui(nem de outros locais), e frequentemente,já copiei líricas minhas aqui escritas,no blog do sr.William.
Peço a gentileza de me esclarecerem sobre o que fazer.
De noite,eu verei a resposta.
Já fico muito agradecida,desde já.
Em retribuição,darei o Adilson de presente.
(haha!
foi piada,é claro...)
Entrei na sua página de poesias, cliquei em copiar e colei facilmente no Word, apenas apareceu a poesia com letras pretas e fundo azul. Normal.
ExcluirAbs.
Você deu sorte,Selma.
ExcluirConsegui transferir a página para o word, há pouco.
Irei reunir minhas líricas num lugar só.
Tenho várias espalhadas,escrevi uma até no blog da Xênia.
Não estou conseguindo resolver um problema com a TIM- irei encerrar a conta,antes de julho,e não sei quando terei outra.
Por isso,estou interessada em resolver logo alguns assuntos virtuais,para não me perder,depois.
'Brigada da atenção.
Valeu.
use goma arábica que cola, uashuashuash
ResponderExcluirPézão : Olá Hosaka, quem te mandou um forte abraço foi o Gandolinha.
ResponderExcluirHosaka : Legal, mas quem é o Gandolinha ?
Pézão : É aquele que detonou a tua rosquinha !
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ResponderExcluir.
ass. Hosaka, o astronauta de mármore
O Adilson pretende que eu o o sr.Hosaka debatamos sobre religião.
ResponderExcluirIsso não dá certo,já tentamos uma vez-e foi inviável.
O sr.Hosaka,prosseguindo o esforço da sua família pela aculturação,apaixonou-se pelo cristianismo,através da Princesa.
O pacto com o "deus ocidental" é para ele,o pacto com uma sociedade na qual ele espera se incluir totalmente.
Eu,ao contrário,"briguei" com essa sociedade,e rejeitei alguns dos seus hábitos ...e santos.
O único jeito de eu conseguir estar inserida nela,foi usando a "armadura" de outra cultura.
E isso tudo para mim,se deu através do Príncipe.
Ainda agora há pouco,por questões de rotina, revivi antigos sentimentos que me levaram na direção atual.
Parecia um pesadelo.
Para mim,e para o sr.Hosaka,debatermos nossas religiões,é o mesmo que falarmos de nossas "ex-tradições" e relembrarmos histórias que gostaríamos de esquecer.
Todavia, quando eu sentir vontade de escrever textos religiosos,irei escrever no espaço das crônicas dele,mesmo que ele não responda.
Ainda bem que ele prefere que as pessoas se movimentem perto de onde ele legou alguma colaboração.
Ao tentar copiar essa página em outro lugar,vi esse meu texto,e entendi que ele não foi...compreendido.
ExcluirEu e o sr.Hosaka podemos debater sobre nossas religiões com os leitores,mas não podemos debater Um com o Outro sobre as mesmas religiões.
Já tentamos isso uma vez,em 2.010,e não deu certo.
Todavia, quando eu fizer minhas postagens budistas, tentarei fazê-las de preferência,nas páginas abertas por ele.
Frank K. Hosaka, muito cuidado : Não faça da sua vida um rascunho, pois pode não dar tempo de passar a limpo. .... hehehe
ResponderExcluirSe você não é ateu periga morrer estrebuchando na ponta de uma corda! E o Hosaka se bórra todo nas calças de medo de morrer!hehehe, ele e o Magalhães
ResponderExcluirUm homem estava sentado no avião, ao lado de uma menininha. O cara olhou a criança e lhe disse:
ResponderExcluir- Vamos conversar? Tenho certeza que a viagem parecerá mais rápida. O que você acha?
A menina, que acabava de abrir um livro para ler, o fechou lentamente e respondeu com voz suave:
- Sobre o que gostaria de conversar?
- Bom, não sei… – disse o homem. – Que tal física nuclear? – e mostrou um grande sorriso.
- Bem,- disse a pequena – Esse parece ser um tema interessante. Mas antes, gostaria de lhe fazer uma pergunta: o cavalo, a vaca e a ovelha comem a mesma coisa: capim, não é mesmo? Porém, o excremento da ovelha é um monte de pequenas bolinhas, o da vaca é uma pasta e o do cavalo é um monte de pelotas secas. Por que o senhor acha que isto acontece?
O cara, visivelmente surpreso com a inteligência da menina, pensou durante uns momentos e respondeu:
- Hmmm, não faço a menor idéia…
E então, a menininha disse:
- Sinceramente, como o senhor se sente qualificado para discutir física nuclear, se não entende de merda nenhuma?