O filme “Lula, o Filho do Brasil” levou pouca gente ao cinema.
O filme que deveria arrebatar multidões, que Elio Gaspari anteviu que faria correr rios de lágrimas, provocando o o ódio das oposições, foi visto por pouco mais de 800 mil pessoas. E com a propaganda que teve! Nem mesmo o eleitorado que sempre vota no PT compareceu. Como se nota, a maioria dos brasileiros pode até aprovar o fato de Lula se comportar de modo razoável no poder, mas não o quer como santo, guia, líder, demiurgo, Cristo folgazão de uma nova religião.
Como muito menos apelo publicitário e menos dinheiro — e com apenas 10 dias em cartaz — o filme Chico Xavier, de Daniel Filho, levou 1,3 milhão de pessoas ao cinema. Sim, para os padrões brasileiros, é filme de gente grande também: custou R$ 12 milhões (mas o Lula de Fábio Barreto custo R$ 17 milhões) e estreou em 377 salas — o filme de Lula, em mais de 500.
Não vi nem um nem outro. Não sei se os verei. O que sei é que, no que diz respeito ao público que vai ou que se dispõe a ir a cinemas, o político transformado em herói foi rejeitado por amplas maiorias. Podem até gostar de Lula. Mas sabem que ele é só um político. Chico Xavier, tenha-se ou não simpatia por suas práticas e crenças, sempre esteve associado a ações que buscaram o bem comum, sem qualquer sombra de arrogância. Procurou manter, por exemplo, uma relação harmoniosa com um país majoritariamente cristão, evitando confrontos. A história de um líder que recebia mensagens dos mortos é sempre atraente. Se isso é narrado com profissionalismo, competência, o que costuma ser o caso de Daniel Filho, a chance de sucesso é grande.
Mas Lula também reunia, aparentemente ao menos, os ingredientes para um sucesso estrondoso. É um presidente popular, exercitou o mito do operário sofrido e triunfante a mais não poder, e a produção, consta, é profissional. Então, o que deu errado? Talvez seja a suspeita de que Lula começou a exigir dos brasileiros mais do que estes lhe acham devido: o respeito ao político, não a um mensageiro do além — no seu caso, o “além” da história.
Os únicos a acreditar nisso são os submarxistas do complexo PUCUSP — e podem botar nesse grupo alguns vermelhos e rosados adiposos que agora ocupam a FGV aqui em São Paulo. O povo não é ignorante o bastante para dar trela a essa baboseira. Essa é uma ignorância típica de subintelectuais.
Selma
Nenhum comentário:
Postar um comentário