Sócrates estava na cadeia dormindo, condenado à morte, esperando sua sentença, quando chega seu discípulo Críton e lhe oferece a chance de uma fuga. Sócrates recusa, diz “ não ter medo da morte e sim da desonra”, que seria fugir aos preceitos da lei. Se ele havia sido condenado à morte, teria sim é que morrer, não fugir, o que seria desonra, o que seria a não observação das leis. Sócrates era muito apegado às leis.
O ex vice-presidente José de Alencar falou muitas vezes em suas entrevistas que não tinha medo da morte e sim da desonra. Confesso que o admirei muito nos últimos tempos.
A morte leva a todos indistintamente: pobres, ricos, brancos, pretos, burros e inteligentes. Lutar contra a morte é praticamente impossível, o que é possível é adiar a hora da morte. Acreditando ou não em Deus, a morte chega e leva os crentes e os descrentes.
Aqueles que acreditam em vida após a morte vivem tranqüilos acreditando que irão para o além, onde viverão livres das angustias, das tristezas e das dores do mundo terreno.
Aqueles que não acreditam em vida após a morte, que tudo se acaba e vira pó, também terão a oportunidade de se livrar das angustias e das tristezas do mundo terreno.
Enfim, repetindo o que eu disse acima, a morte não poupa ninguém.
José de Alencar lutou aproximadamente 14 anos contra variados tipos de câncer: próstata, rins e intestinos. Teve a oportunidade de viver lutando tanto tempo contra a doença porque tinha condições financeiras de pagar pelo tratamento. Nunca precisou levantar de madrugada para ser atendido pelo SUS. Se esse fosse seu caso, já teria partido há muito tempo, não apareceria nas entrevistas barbeado, bem-humorado e sorridente.
Passou por várias cirurgias, sofreu bem mais. Se não tivesse dinheiro teria morrido mais cedo e sofrido menos.
Foi um belo exemplo de coragem. Morreu ontem, terça-feira às 14:41. Nesta última internação, na segunda, sentindo muitas dores, José Alencar foi direto para a UTI. Passou as últimas horas sedado.
(Selma)
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