Páginas

quinta-feira, 30 de junho de 2011

De perto ninguém é normal - I

Freud disse que todos temos problemas mentais, de menor ou de maior grau. Isso comentei com  um amigo, ainda  hoje pela manhã, quando conversávamos sobre o comportamento estranho de uma pessoa.

Tenho uma amiga que vive dizendo que vai se separar do marido, devido a incompatibilidade de gênios. Mas isso faz tempo, faz mais de 10 anos e até hoje nada... Recentemente brigou com o marido e no calor da discussão jogou uma tesoura no pobre coitado, a tesoura acabou por atingir a região  entre a articulação da mão e do antebraço e cortou uma artéria. Teve que ser levado as pressas para o hospital. Você acha que eles se separaram? Você acha que ela não é normal?
Não, eles não se separaram. Depois desse incidente parece que o relacionamento entre ambos melhorou um pouquinho. E ela é normal sim... Pelo menos tem comportamento de gente normal.

Já aconselharam que procurassem psiquiatras, psicólogos ou psicanalistas para resolver os problemas conjugais, mas     eu – particularmente – penso que a procura de tais profissionais não será a fórmula mágica para todos os problemas.

Tenho uma outra amiga que desistiu de viver.  Ou melhor, finge que vive. Procurou um médico para saber o que tinha e este a encaminhou para um psiquiatra que a entupiu de antidepressivos. Agora ela toma os antidepressivos e vive dormindo. Fala para todo mundo em alto e bom tom que o médico disse que ela tem “DEPRESSÃO”, e assim vive, alimentada pela própria doença. Muitas coisas ela queria fazer mas ela sempre acrescenta a frase: “Eu faria, se não fosse a DEPRESSÃO”. Eu não sei se no caso dela o diagnóstico foi benéfico ou maléfico, pois agora ela vive literalmente a depressão, dizendo que não tem vontade para nada... Mas eu diria que tem sim, ela tem vontade de ficar em casa, vontade de dormir, vontade de falar que tem depressão, e vontade de não ter vontade.    

Recentemente minha mãe confessou que quando recém casada tinha medo de sair na rua. Ficava, então, trancada dentro de casa e não saía para  nada, nem para pequenas compras. Hoje ela tem 75 anos e não sente nada disso. Mas sofreu muito naquela época, cerca de mais de 50 anos atrás. Os médicos receitavam calmantes e diziam que ela tinha problemas de “nervos”. Hoje isso é conhecido como síndrome do pânico.

O 233 é normal? Ou eu é que tenho problemas em acreditar em espíritos?

A Nihil é certa? Muitos já disseram que ela é maluca porque cria niques e  os usa para conversar com ela mesma.

 
Mas penso que era isso que Freud queria dizer. Todos têm problemas. Todos têm momentos de loucura. Alguns têm muitos momentos de loucura. Outros têm poucos momentos de loucura. Mas todos os seres humanos têm a loucura  ou momentos de desequilíbrio presentes em sua vida.


Seria ideal procurar ajuda profissional?
O número de psicólogos deu um salto de 48% desde 2000, de 123 mil para 182 mil. Sem contar o crescimento do número de psicanalistas, psiquiatras e outros profissionais, como os filósofos clínicos. A quantidade de pessoas que procuram terapia também deve aumentar, já que o governo tornou obrigatório aos planos de saúde oferecer 12 sessões anuais de psicoterapia a todos os conveniados. Se antes ir a psicólogos era coisa de “problemáticos”, hoje falar da expe­riência parece ser um bom jeito de engatar conversas com amigos no bar.

A palavra vem do grego therapeúein, que carrega significados como assistir e cuidar. Desabafar no ombro do amigo e conversar com um médico atencioso pode até ser terapêutico – mas não é um método que afasta o sofrimento por meio de técnicas apoiadas em fundamentação teórica, as psicoterapias, todas, de um modo ou de outro, baseadas no tratamento pela fala. Entre quem frequenta um psicoterapeuta e quem está pensando em procurar um, é comum haver dúvidas do tipo: vale a pena gastar tempo e dinheiro com isso? Não é besteira contar detalhes da intimidade a alguém que mal conhecemos e que não oferece nenhuma garantia de eficácia? Afinal, terapia funciona?
Sim e não. Dezenas de pesquisas neurológicas provam que sessões de psicoterapia modificam conexões neurais e padrões de comportamento.   Apesar disso, é grande a possibilidade de você conhecer terapia e achar o método inútil – e até bizarro.


Tantas correntes diferentes de psicoterapia impõem uma questão: como saber qual é a mais eficaz ou pelo menos se alguma delas é eficaz?
 É aqui que entra uma outra área da ciência que está se interessando pelo que acontece no divã. Pesquisas com neuroimagem funcional, método que fotografa o fluxo sanguíneo no cérebro, estão provando que a terapia baseada na fala causa, sim, efeitos permanentes no nosso sistema de aprendizagem, na memória e no processamento de emoções.
O último estudo da área, feito na Universidade de Amsterdã no ano passado, analisou 20 pessoas com transtorno do estresse pós-traumático, distúrbio que geralmente atinge quem passa por traumas como sequestro, acidentes graves e abuso sexual. Elas foram submetidas a uma sessão semanal de psicoterapia breve – inspirada em Freud, porém focada e mais curta – durante 4 meses. Enquanto isso, outras 15 pessoas com o mesmo diagnóstico ficaram num grupo sem tratamento. No final, o cérebro de quem fez terapia mudou. Houve mais atividade em regiões do córtex pré-frontal, área relacionada a cálculos, pensamentos práticos e ações que tomamos conscientemente. Na prática, o tratamento deu alívio a sintomas que têm tudo a ver com traumas, como hipervigilância (estado de alerta permanente) e recordações aflitivas, que se manifestam em pesadelos e pensamentos recorrentes.
Alguém pode logo dizer que não é privilégio da psicoterapia alterar redes neurais. E não é mesmo. Com maior ou menor intensidade, as experiências da nossa vida provocam mudanças na atividade cerebral – como na hora em que ouvimos a seleção de músicas da nossa banda favorita, recebemos a notícia triste da morte de alguém ou damos uma boa caminhada no parque. “O que é bastante recente é o reconhecimento da comunidade científica sobre a intensidade e a permanência das mudanças alcançadas pela psicoterapia. Não se imaginava que o funcionamento do cérebro pudesse ser alterado tão dramaticamente pelo tratamento, e com benefícios tão duradouros”, diz o psicólogo e neurocientista Marco Montarroyos Callegaro.

É como se o pensamento alterado pela terapia fosse a tabuada que a gente não esquece mais. “Os sistemas de memória e aprendizagem constituem a base de todas as psicoterapias. Como o cérebro é uma estrutura plástica, que se modifica de acordo com nossas experiências, o tratamento consegue atuar em determinados circuitos”, diz Jesus Landeira-Fernandez, diretor do Laboratório de Neuropsicologia Clínica e Experimental da PUC-RJ.
Meses antes da pesquisa holandesa, uma outra, realizada pela USP, mostrou resultados parecidos. O estudo envolveu 16 pacientes também com transtorno do estresse pós-traumático. Eram pessoas que tinham vivido eventos como a morte de parentes, seqüestro e assalto. Em dois meses, elas passaram por sessões semanais de uma psicoterapia chamada exposição e reestruturação cognitiva, que consiste em revisitar o evento para então dar a ele um significado menos traumático. Outros 11 pacientes com o mesmo distúrbio ficaram numa lista de espera. Resultado: aqueles que foram às sessões tiveram mais atividade no córtex pré-frontal e menos na amígdala. Como esta parte do cérebro regula nossa sensação de medo, a relação é direta: a terapia reduziu o medo e a ansiedade dos pacientes. Já quem ficou no grupo de controle não teve mudanças relevantes. “Novos arranjos das sinapses ocorrem durante o aprendizado promovido pela psicoterapia”, diz o psicólogo Julio Perez, o autor do estudo. “O tratamento modifica as redes associativas que antes estavam relacionadas à situação que causava dor e dificuldade.”
Quer mais? Há ainda estudos provando a eficácia da terapia para problemas específicos, como as fobias. Na Alemanha, em 2006, 28 voluntárias perderam o medo de aranha em sessões semanais, de 5 horas, de TCC. Elas tiveram menor atividade da ínsula e do giro do cíngulo anterior direito, áreas ligadas àquelas reações que nós não controlamos, como ficar assustado e com o coração batendo rápido logo depois de ver uma aranha. No Japão, também em 2006, 12 pacientes com síndrome do pânico se livraram do mal em 10 sessões de terapia comportamental ao longo de 6 meses. O cérebro deles também deu uma recauchutada nas áreas ligadas ao medo, à memória e ao pensamento consciente. “Há indícios de que as psicoterapias promovem o fortalecimento das funções executivas, ligadas ao córtex pré-frontal”, diz Landeira-Fernandez. Em outras palavras, a terapia fez as pessoas pensar melhor.
As pesquisas de neuroimagem indicam que quem completa o tratamento sai, em geral, 80% melhor do que os pacientes fora do consultório. É um resultado tão positivo que já está provocando mudanças na saúde pública de alguns países. Na Inglaterra, o governo anunciou um investimento de 170 milhões de libras para treinar 3 600 profissionais em terapia cognitivo-comportamental. “O valor inicial do tratamento com antidepressivos é inferior ao da psicoterapia. No entanto, no médio e no longo prazo, a melhor relação é a do tratamento psicoterápico, que tende a apresentar menor reincidência da depressão e efeitos mais duradouros”, diz Callegaro. O resultado também fez até os mais céticos admitir as vantagens da terapia. “Uma coisa é a teoria ultrapassada de Freud, outra são os efeitos comprovados da prática”, diz o neurocientista Sabbatini.


Por fora da terapia
Mas tem um probleminha. A neuroimagem também levanta questões que incomodam a psicologia. Em grande parte das pesquisas, há um paradoxo aterrador: não importa se o paciente passou por um tratamento inspirado em Freud ou uma prática mais nova. No fim, o efeito de todas é muito parecido. Ou seja: em eficácia, abordagens distintas não fazem diferença nenhuma entre si. Inconformados com isso, pesquisadores da Universidade de Leeds, na Inglaterra, tentaram recentemente pôr fim ao mistério. Durante 3 anos, eles estudaram 5 500 pacientes que passaram por 3 tipos de terapia: cognitivo-comportamental, psicodinâmica e centrada na pessoa. Conclusão publicada em 2007: equivalência de novo.

O fato de terapias diferentes funcionarem igualmente cria uma hipótese: talvez a psicoterapia não funcione pelo motivo que os terapeutas apontam, mas por razões não tão confortáveis à psicologia. Dylan Evans, pesquisador da Universidade de Cork, na Irlanda, especializado em psicologia evolutiva, defende uma dessas razões incômodas: “Se as diferentes técnicas não têm qualquer impacto na recuperação, então é plausível que os benefícios se devam à única coisa que todas as abordagens têm em comum. A crença do paciente de que está recebendo ajuda médica de boa-fé”. Ou seja: efeito placebo – o mesmo que faz as pessoas se sentir melhor depois de tomarem um remédio de farinha ou passarem por um benzimento.
Evans conta em seu livro Placebo (sem tradução para o português) que essa possibilidade teria assombrado Freud até a morte. O Pai da Psicanálise acreditava na supremacia do seu método e, tão logo diferentes linhas se formaram dentro da escola psicanalítica, passou a atribuir os efeitos provocados por essas dissidências à pura sugestão. “Logo se tornou claro que seus próprios pacientes não diferiam em recaídas daqueles tratados por heréticos como Jung e Adler”, afirma Evans.

Assim se desenrola um novelo de pontos fracos dos tratamentos psicológicos. Apesar de as pesquisas neurológicas provarem os efeitos da terapia, não há provas de que isso acontece pelos motivos que os terapeutas apontam. “Na área da saúde mental, é difícil até saber qual é o distúrbio que a pessoa apresenta”, diz Sabbatini. Distúrbios mentais não são como dores de cabeça – não há certeza do que o paciente tem e nem se o tratamento vai ser eficaz como um analgésico. A falta de fundamentação faz das terapias um serviço estranho: elas oferecem um tratamento sem saber se ele vai dar certo. Por causa disso, “a psiquiatria é uma das últimas áreas da medicina que ainda não conseguiu o status de ciência”, diz Sabbatini.


É o que os especialistas chamam de fase empírica não científica: quando se descobriu, pela prática, que uma erva ou uma atitude ajudam a prevenir ou curar uma doença, mas sem ninguém saber exatamente por quê. Por exemplo: no século 18, o médico italiano Giovanni Lancisi acreditava que a malária era contraída ao se respirar o ar fétido de pântanos – daí o nome da doença, que vem de “maus ares”. De fato, deixar de circular em pântanos evita malária, mas não por causa dos maus ares, e sim porque o lugar é cheio de mosquitos – estes, sim, a verdadeira origem da doença. As psicoterapias podem estar nesse nível. Baseiam-se numa crença forte e têm alguma eficiência, mas ninguém sabe exatamente como a melhora acontece. E mais: pode haver uma causa e um tratamento mais acertados, porém não descobertos.

Um exemplo é a genética. Por muito tempo, acreditou-se que a esquizofrenia era um mal psicológico que deveria ser tratado no divã. Quando vieram à tona suas raízes genéticas e químicas, a psicoterapia para tratar esquizofrenia virou coisa do passado. Do mesmo modo, cada vez mais pesquisas ligam os genes à predisposição ao comportamento depressivo. E uma pesquisa de biólogos evolutivos dos EUA acaba de mostrar que a hiperatividade tem laços genéticos. Psicólogos costumam explicar esse distúrbio como uma estratégia de filhos para chamar a atenção dos pais. Já os biólogos americanos descobriram que há uma razão evolutiva para a hiperatividade existir. Quando o ser humano vivia em grupos nômades, não conseguir parar quieto era uma vantagem competitiva para caçadores e pastores. Hoje, porém, a vida sedentária fez desse traço um problema. Pesquisas como essa mostram que, no futuro, os cientistas podem descobrir que tratar depressão ou hiperatividade no divã é tão equivocado quanto achar que os ares do lodaçal causam malária.


Trapalhadas no divã
Para os psicoterapeutas, porém, a história é outra. Se linhas diferentes de tratamento funcionam da mesma forma, não significa que o efeito da terapia seja placebo ou coisa parecida. E sim que a eficácia não depende do tipo de tratamento, mas da vontade do paciente em amadurecer, da habilidade do terapeuta e sobretudo da relação que os dois desenvolvem.

Pouca gente gostaria, por exemplo, de se tratar com quem se compromete mais com a doutrina em que se formou do que com o paciente. E passa as sessões tentando encaixar o pobre coitado na teoria. Críticos da psicanálise chamam essa prática de “cara eu ganho, coroa você perde”. É o caso do analista convicto de que o rapaz sofre do clássico complexo de Édipo, quer matar o pai para ficar com a mãe. Se ele concorda com a interpretação, perfeito. Se não, é porque está reprimindo impulsos sexuais. “Um dos desafios é não tornar o nosso fazer um leito de Procusto”, diz Julieta Quayle, um dos presidentes da Associação Brasileira de Psicoterapia. No mito grego, os hóspedes de Procusto não saíam vivos de sua casa, pois ele cortava ou esticava seus pés para que coubessem no tamanho exato da cama que oferecia.

Também há o problema da má formação. A cada ano, o Brasil ganha 17 mil novos psicólogos. Muitos saem de faculdades pouco prestigiadas, não fazem um curso de especialização num método ou num distúrbio e mesmo assim abrem seus ouvidos para tratar das razões individuais do ser humano – talvez o objeto de estudo mais complexo que existe. Além disso, terapeutas também têm seus problemas emocionais, que podem resvalar para o paciente. Nem todos mantêm uma necessidade básica: sua própria terapia. “Como é possível uma pessoa guiar os outros num exame das estruturas profundas da existência sem examinar a si mesmo?”, questiona Yalom. Entre os resultados da falta de análise do terapeuta, está o de seduzir ou deixar-se seduzir pelo paciente. Não raro terapeutas mal analisados têm relacionamentos amorosos com clientes.

“Se fôssemos submeter terapeutas a um controle estatístico, poucos sobreviveriam”, diz o neurocientista Sabbatini. Mas, como grande parte do sucesso do tratamento depende de quem está se tratando, é muito difícil avaliar um terapeuta. Para o profissional, fica fácil culpar o paciente pela ineficácia das sessões. Diante disso, faz sentido a metáfora que o psicólogo clínico americano Scott Miller usa para falar do paciente: cliente herói. “Quer o terapeuta funcione ou não, depende do cliente, e de suas habilidades heróicas, levantar-se contra as coisas horríveis que lhe aconteceram”, afirma ele.

A terapia no futuro
A falta de certeza do tratamento pelo menos tem uma vantagem: exigir terapeutas cada vez mais focados em resultados, que usem técnicas mais científicas para descobrir o problema do paciente. “No futuro, talvez possamos diagnosticar os transtornos através de exames de neuroimagem”, diz Landeira-Fernandez.
Na hora do tratamento, uma das tendências é que cada vez mais os profissionais se especializem no distúrbio e não numa doutrina intelectual. Um exemplo é o trabalho do psicólogo clínico Albert Rizzo, da Universidade do Sul da Califórnia. Bancado pelo Exército americano, ele adequou a terapia cognitivo-comportamental a um game de guerra e vem tratando soldados que sofreram traumas no Iraque. “Jovens acostumados à realidade virtual, eles se sentem incentivados a voltar aos eventos da guerra pelo computador”, diz Rizzo.

Mas também existe a tendência oposta: que algumas correntes fiquem ainda mais distantes da ciência e próximas da filosofia, criando sessões onde a cura seja um fator secundário. “Vivemos questões existenciais que acompanham o ser humano há séculos”, diz o filósofo Lúcio Packter, pioneiro da filosofia clínica no Brasil. Não à toa, o psiquiatra Irvin Yalom dedicou o livro A Cura de Schopenhauer aos filósofos clínicos – que ele chamou de terapeutas do futuro: “Nós [os psicólogos] fazemos parte de uma tradição que remonta não só aos nossos ancestrais imediatos da psicoterapia, começando com Freud e Jung, e todos os ancestrais deles – Nietzsche, Schopenhauer, Kierkegaard – mas também Jesus, Buda, Platão, Sócrates, Galeno, Hipócrates e todos os outros grandes líderes religiosos, filósofos e médicos que se ocuparam de cuidar do desespero humano”. Uma venerável agremiação.


10 grandes linhas do autoconhecimento

Desde que Freud inventou a terapia pela palavra, seu método foi questionado, derrubado, reerguido e reformado. Hoje, sua influência está dispersa em centenas de correntes – algumas mais, outras menos freudianas. Veja abaixo como 10 grandes linhas da psicoterapia funcionam.
Alta influência de Freud
Psicanálise
O analista acredita que os problemas vêm de impulsos reprimidos na infância do paciente, que passa a maior parte da sessão falando por meio de associações livres. O terapeuta geralmente fala pouco, sem emitir juízo, tentando analisar a fala e os sonhos. Modelo mais antigo, foi ampliado e modernizado com os estudos de Jacques Lacan (1901-1981).
Psicanálise junguiana
Também chamada de psicoterapia analítica, foi criada por Carl Jung, discípulo de Freud, que introduziu na psicanálise o conceito de inconsciente coletivo – as imagens e as experiências comuns a todos os seres humanos. Por isso, o método junguiano leva em conta, além das questões individuais do paciente, as influências externas e coletivas que podem atormentá-lo.
Psicodinâmica
Chamada de psicanálise light, baseia-se em noções tradicionais da psicanálise, só que é mais breve, com o terapeuta tentando ativamente engajar o paciente em um diálogo que o faça reconhecer e resolver conflitos antigos. É também mais focada para atingir objetivos concretos preestabelecidos entre paciente e terapeuta.
Média influência de Freud
Gestalt
Usando o teatro e outras expressões artísticas, explora técnicas dramáticas para construir pensamentos e atitudes criativas. Com blocos de espuma, bonecos ou almofadas, o paciente é encorajado a adotar novos papéis e expressar sentimentos, com o objetivo de compreendê-los melhor.
Terapia de grupo
Abriga teorias e práticas de outras correntes, com a diferença de ser praticada em grupo. O convívio com os outros pacientes funciona como um microcosmo social – um ambiente seguro para um novo comportamento. É indicada para quem sofre de problemas comuns do seu ambiente e tem dificuldade de se relacionar com os outros.
Interpessoal
Recomendada a quem passa por depressão leve ligada a conflitos pessoais, luto ou mudança repentina de papéis (um casamento ou um novo cargo profissional). O tempo da terapia é predeterminado, e as sessões se concentram no tempo presente, sem ligar experiências atuais ao passado.
Centrada na pessoa
Foca na relação entre paciente e o profissional. Sem interpretar pensamentos e comportamentos, o terapeuta cria um clima de empatia que permite ao paciente explorar questões que o perturbam e desenvolver a auto-estima. Por isso, é indicada a quem se sente oprimido pelo mundo e tem baixa aceitação de si próprio.
Baixa influência de Freud
Terapia comportamental
Linha bem distante de Freud, é indicada para quem sofre reações indesejáveis do corpo diante de manias e fobias (como medo de aranha ou de avião). Utiliza técnicas básicas de aprendizagem, como exposição e condicionamento, na tentativa de trocar o comportamento usual por reações mais agradáveis. Para os críticos, esse tipo de terapia tenta fazer um adestramento do paciente.
Terapia cognitiva
Baseada na idéia de que “os homens se perturbam não pelas coisas, mas pela visão que têm delas”, como disse o pensador romano Epíteto (60-117). A terapia cognitiva tenta reconhece e alterar padrões de pensamento que incomodam o paciente, para ensiná-lo a vigiar idéias automáticas e corrigi-las. Indicada a quem sofre de depressão e precisa mudar o que pensa sobre si próprio.
Terapia cognitivo-comportamental
Utiliza técnicas das duas correntes ao lado para tentar fazer o paciente identificar pensamentos e crenças distorcidas que tem de si próprio. A idéia é fazer a pessoa perceber seus pensamentos e procurar corrigi-los, gerando novos padrões de raciocínio. Indicada para quem sofre de depressão, ansiedade e perturbações relacionadas a traumas.


O que é a depressão?
Depressão não é tristeza?
A teoria tradicional diz que a depressão é uma deficiência de serotonina – um neurotransmissor relacionado a funções como o humor, o sono e o apetite – e, para combatê-la, tudo o que os antidepressivos fazem é aumentar a quantidade dessa substância no cérebro. Mas duas questões nessa teoria intrigam os cientistas há algum tempo. A primeira é que, pouco depois de tomar esses remédios, o cérebro já está cheio de serotonina e, no entanto, nada acontece. O segundo é que os efeitos esperados só vão aparecer um mês depois. Um mês é exatamente o tempo que o cérebro leva para produzir novos neurônios e fazê-los funcionar. Foi daí que se suspeitou que existe uma relação entre a depressão e a queda na produção de novas células no cérebro.
Outros indícios reforçaram a hipótese: o estresse – um dos principais fatores que desencadeiam a depressão – também inibe a neurogênese, como se o cérebro estivesse mais preocupado em sobreviver ao fator estressante que em produzir neurônios para o futuro. Mas a primeira evidência concreta veio em 2000, quando cientistas americanos mostraram que os principais tratamentos antidepressivos aumentam a neurogênese em ratos adultos. No ano seguinte, percebeu-se também que bloquear o nascimento de neurônios em ratos tornava ineficazes os antidepressivos. Agora a esperança é encontrar uma forma de estimular a neurogênese e, com isso, aliviar a depressão. Ao que indicam esses estudos, essa doença pode não ser só um estado de tristeza, mas, sim, o efeito da falta de neurônios novos e da conseqüente perda da habilidade de se adaptar a mudanças.




                      http://super.abril.com.br/ciencia/revolucao-cerebro-446545.shtml


(Selma)

Respondendo e analisando as dúvidas do Adilson

//Será que a dra. Selma poderia explicar como um espírito chora? De que são feitas as lágrimas de um espírito? São produzidas nas glândulas lacrimais perispirituais a partir de que substância?

O mal dos religiosos é a preguiça mental. Se eles fizessem como as crianças e perguntassem sobre tudo o que os mentirosos dizem, a enganação ficaria mais difícil.
o japinha poderia se perguntar como a Teresa conserta computador:
1)Por que meios ela toma conhecimento do defeito?
2)Por que meios ela opera o tal conserto? É a distância, ou ela se aproxima?
3) Onde ela adquiriu esse conhecimento, terá feito algum curso?
4)Terá ela corpo material capaz de atuar sobre a matéria de nosso mundo?
5) Por que ela não conserta todos os computadores dos outros milhões de católicos? Só atende os devotos?

Se o japinha se desse a essas dúvidas, certamente acabaria por mandar o Magalhães e suas mentiras de enganar velhas carolas pra rebimbaca da parafuseta e não voltava mais à tal paróquia.//


Aquele que não acredita na existência de um espírito por trás da matéria sempre quer explicação para tudo. Ao perguntar ao Adilson qual seria a sua religião, ele desconversou e falou apenas no QI. Ou seja, fez igual aos políticos; não respondeu a pergunta feita e partiu para outro assunto.


Ele diz claramente “o mal dos religiosos é a preguiça mental”. À partir dessa frase podemos concluir que o Adilson não é religioso e apenas uma pessoa que gosta de estudar a Bíblia para  -digamos – “usar” seus neurônios. Suas interpretações bíblicas são feitas como se faz uma interpretação de texto na escola, juntando observações aqui e acolá. Por aqui e acolá subentendam-se aramaico, grego, hebraico, latim, português, inglês, etc, etc...
Descubro, consternada, que meu colega de grupos de discussão de tantos anos e que um dia disse ter sido Espírita, na verdade hoje é um grande ateu. Confesso que para mim não faz diferença se uma pessoa tem ou não tem religião, mas ele nunca admitiu ser ateu! Custava ter falado?  EU SOU ATEU!


Sim os espíritos choram e possuem lágrimas espirituais produzidas por glândulas periespirituais.
Santa Tereza conserta o computador do Hosaka, porque o Hosaka ora para Santa Tereza pedindo a sua intervenção. Santos não precisam de curso, pois têm poderes sobrenaturais, tudo sabem e tudo podem. Só atende os devotos, porque os devotos ACREDITAM  nela... A FÉ salva... Lembra disso?

Satisfeito?

Agora pode parar de rir.



(Selma)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

novo blog ativo e atualizado diariamente, do sr.William,

http://terapiadalogica.blog.terra.com.br/

Ser misterioso em Minas Gerais?

Caçada a animal misterioso movimenta cidade no interior de MG

Moradores de Barra Longa montaram uma associação para tentar pegar a criatura, chamada de Caboclo d’Água. E tem até recompensa de R$ 10 mil para quem tirar uma foto do bicho.

Com sol a pino, os moradores de Barra Longa (MG) dizem que o tal do Caboclo d’Água aparece na beira do rio. Seu Antônio Felipe de Resende, de 82 anos, cavaleiro corajoso, conta que já foi atacado.
“Pensei que era um gorila. Ele deixou chegar bem pertinho e depois sumiu. Eu estou com medo desse trem. Eu fui, virei as costas, e vim embora. Aí, ele segurou na minha perna e arranhou um pouquinho”, conta o agricultor.

Seu José da Costa Gomes, de 81 anos, conhecido como Zé da Mala, se protege com a fiel cadela Dayane. Mas, não teve jeito de cuidar da criação.
“Dizem que ele mamava nas vacas aí. Quando eles iam tirar leite de manhã, o Caboclo d’Água estava com um barrigão”, diz.

Outro que teve prejuízo foi o açougueiro Múcio Daniel Kfuri. “Na hora que eu cheguei em uma pedra, eu vi o Caboclo  d’Água comendo o bezerro . Eu o vi fazer barulho”, revela.
São tantas as histórias, que a criatura ganhou as páginas do jornal. Tem até retrato falado.
“Eu cubro esse caso há 4 ou 5 anos. Eu divulgo mais de 30 ou 40 pessoas que viram esse bicho”, afirma o jornalista Leandro dos Santos.

 A “Associação dos caçadores de fantasmas” da região foi fundada há mais ou menos 1 ano e meio pelo Professor Milton Brigolini. A associação, composta por diversas pessoas, visa investigar os diversos relatos de aparições de criaturas estranhas em toda a região de Mariana, Ouro Preto, Barra Longa e adjacências.
Diversos locais da aparição do Caboclo d’Água já foram mapeados pela “Associação dos caçadores de fantasmas” que estão usando diversos aparelhos para tentar localizá-lo, dentre eles: armadilhas, rádios, câmeras, laser, e até GPS.

A associação se reúne regularmente e os encontros são secretos para não chamar a atenção dos assombrações.
  E quem tirar uma foto do Caboclo, ganha uma recompensa generosa: R$ 10 mil.
“É um dinheiro bom”, avisa um morador.
Quem não pensa em dinheiro é Kenedy Sampaio. Ele diz que em uma pescaria o bicho arrancou o molinete das mãos dele.

“Não passo lá em hipótese alguma. E tanto que eu tomei tanto medo que eu não pesco mais no rio. Sozinho eu não vou não. E olha que eu sou muito corajoso, mas nesse ponto eu sou meio medroso”, confessa o funcionário público.
Mas, nas ruas de Barra Longa, tem gente que não dá bola para isso não.
“Caboclo d’Água para mim é lenda! Não acredito nessas coisas não”, garante o  aposentado Silva.

Dizem que já mapearam 30 locais por onde o bicho passou.
“É para tirar esse arrepio que está tendo no meio do pessoal daqui de Barra Longa, Ouro Preto e Mariana”, avisa o chefe de segurança Vicente Oliveira.
Na tentativa de capturar o Caboclo d'Água várias armadilhas foram espalhadas às margens do rio. Em dois cilindros, há um líquido incolor com o cheiro capaz de atrair a criatura. Mas, para garantir que ele seja mesmo pego, alguém tem que ficar lá em cima de olho.

“Eu vim para cá bem à tardinha e fiquei a noite toda tentando fotografar ou caçar o bicho”, conta o professor Milton Brigoline.
“Vai que você topa com um bicho desses em um lugar. O que você vai fazer? Você tem que correr dele , você vai esperar ele?”, questiona o açougueiro Edmar Miguel.
Parece que o Caboclo d'água está com os dias contados.
“É quase que uma ideia fixa. Enquanto eu não pegar esse bicho eu não descanso”, afirma Brigoline.





De acordo com o relato das diversas pessoas que asseguram terem visto o bicho, o Caboclo d’Água é uma mistura de homem, morcego, pato, peixe e o que mais a imaginação mandar.



(Da reportagem do Jornal Nacional de 25/06/2011)



Perto do Sítio onde moro aqui em Minas passa o Rio Sapucaí (cerca de  800 metros, mais ou menos) e muitas histórias foram contadas sobre algo que saía do rio para comer o gado dos fazendeiros. E ainda contam esses "causos". Mas vez ou outra descobrem que na verdade são animais selvagens, uma espécie de oncinha.  Esse rio Sapucaí é o mesmo que passa em Itajubá e que foi onde morreram aquelas duas meninas afogadas e que não se sabe se foram vítimas de cobra ou não. Ou lontra, que é um bicho muito comum na região.
O rio possui águas muito escuras e tem muita areia. Eu jamais teria coragem de nadar em um rio assim, é muito perigoso. Foram muitas as pessoas que eu conheci e que morreram nadando lá e que afundaram devido aos bancos de areia.



(Selma)

Livro e Filme "Nosso Lar"

Sobre o Livro e o Filme “Nosso Lar”

SOBRE A OBRA

(Sinopse obtida no site http://www.eurooscar.com/)

Título: “Nosso Lar” – (50 capítulos – 281 páginas).
Autor: Espírito André Luiz (pseudônimo espiritual de um consagrado médico que exerceu a Medicina no Rio de Janeiro).
Psicografia: Francisco Cândido Xavier (concluída em 1943).
Edição: Primeira edição em 1944, pela Federação Espírita Brasileira (Rio de Janeiro/RJ). Neste trabalho: 48ª Edição/1998.
Prefácio: Espírito Emmanuel.
Introdução: Do próprio autor espiritual (André Luiz).
Nota: Em 2003 a obra alcançou a expressiva marca de 1,5 milhão de exemplares.

CONTEÚDO DOUTRINÁRIO

a. O Autor narra sua experiência após a desencarnação, descrevendo minuciosamente o sofrido estágio no Umbral, detalhando-o também;
b. A seguir, conta a emoção de ter sido socorrido e ser levado para uma cidade espiritual denominada “NOSSO LAR”…
c. A partir daí, o livro abre um leque de informações absolutamente inéditas sobre o Plano Espiritual.

ESTRUTURA DA CIDADE ESPIRITUAL “NOSSO LAR”

Fundação: No século XVI, por portugueses distintos, desencarnados no Brasil.
Localização: Sobre a cidade do Rio de Janeiro.
Governador: a Governadoria está num edifício, “de torres soberanas que se perdem no céu”.
Ministérios: 6 (seis), a saber:
Ministério da Regeneração,
do Auxílio,
da Comunicação,
do Esclarecimento,
da Elevação e
da União Divina.
Ministros: cada Ministério é administrado por 12 (doze) Ministros.
População: homens e mulheres, jovens e adultos (desencarnados), em número de um milhão, segundo dados fornecidos pelo Autor, em 1943.
Construções, dependências e lugares especiais: Grande muralha protetora da cidade, com baterias de proteção magnética, conjuntos habitacionais, praça central (que acomoda até um milhão de pessoas), fontes luminosas, jardins, parques arborizados, o Bosque das Águas, o Rio Azul, o Campo da Música, a Câmara de Retificação (para enfermos), etc.
(Umbral = região com várias escalas morais, sendo a mais infeliz denominada de “Trevas”).

CITAÇÕES ESPECIAIS

“Aérobus”: veículo de transporte, de grande comprimento, deslocamento veloz e aéreo.
Coral: 2.000 vozes (Hinos: “Sempre Contigo, Senhor Jesus”, “A Ti, Senhor, Nossas Vidas”).
Globo de Cristal: de 2m de altura (utilizado em reuniões mediúnicas com encarnados)
Bônus-Hora: forma de pagamento por serviços beneméritos prestados cada hora de trabalho corresponde a um bônus-hora.

SINOPSE
Capítulo a capítulo

CAPÍTULO 1

Nas Zonas Inferiores Descrição fantástica do local onde o Autor Espiritual se encontrou após a desencarnação. Sentia-se permanentemente em viagem… Pouca claridade. Pavor por chacotas vindas de desconhecidos. Dificuldade para obter a bênção do sono. Lágrimas permanentes. Esteve próximo à loucura, prestes a perder a razão. Via seres monstruosos, irônicos, perturbadores… Recordações da existência terrena, quando gozava de prosperidade material e pais extremamente generosos.

CAPÍTULO 2

Clarêncio Seres maldosos e sarcásticos gritavam a A. Luiz: suicida, criminoso, infame. Em vão tentou revidar. Com a barba hirsuta e roupa rompendo-se sofria mais pelo abandono que o envolvera. Não se conformava em ser acusado de suicida, pois sabia que não o fora, lembrando-se de haver morrido no hospital, após cirurgia intestinal. Sentia fome. Saciava-se com lama… Amiúde via manada de seres animalescos. Médico, sempre detestara as religiões, mas agora experimentava necessidade de socorrer-se de alguma delas. Estando já no limite das forças, orou (!). Em resposta, das neblinas surgiu o benfeitor Clarêncio, acompanhado de dois auxiliares. Foi conduzido para o Nosso Lar.

CAPÍTULO 3

A oração coletiva – Descrição de Nosso Lar e do ambiente de oração coletiva. Ao crepúsculo, um Espírito coroado de luz (o Governador Espiritual), seguido de 72 outros Espíritos (seus Ministros), entoam harmonioso hino. A. Luiz reconfortou-se.

CAPÍTULO 4

O médico espiritual Hospitalizado, A. Luiz é atendido por um médico espiritual que comprova o suicídio inconsciente que praticou. É lição-alerta imperdível e inédita quanto a essa característica do comportamento da maioria dos encarnados.

CAPÍTULO 5

Recebendo assistência Há pungente informação de Espíritos internados no Nosso Lar e que têm órbitas vazias (olhos gastos no mal…); outros são paralíticos ou não têm as pernas (locomoção fácil em atos criminosos…); outros em extrema loucura (por aberrações sexuais…). São citados os germes de perversão da saúde divina, agregados ao perispírito (!).

CAPÍTULO 6

Precioso aviso A. Luiz desabafa com Clarêncio, que o ouve pacientemente. Recorda da esposa e dos filhos: onde e como estarão? Após ouvi-lo, Clarêncio sugere-lhe a auto-reforma de pensamentos e o silêncio das lamentações próprias. Diz-lhe: No Nosso Lar dor significa possibilidade de enriquecer a alma…

CAPÍTULO 7

Explicações de Lísias A. Luiz descreve sua dificuldade de adaptação à nova vida. No Nosso Lar a natureza apresentava-lhe aspectos melhorados, em relação à Terra: grandes árvores, pomares fartos, jardins deliciosos, cores mais harmônicas. Todos os edifícios com flores à entrada. Lindas aves cruzavam os ares. Entre árvores frondosas, animais domésticos. Lísias explica que há regiões múltiplas, segundo hierarquia moral. A. Luiz pergunta pelos pais, que o antecederam e até agora não o procuraram… Lísias então lhe informa que sua mãe, habitando esferas mais altas, o tem ajudado noite e dia…

CAPÍTULO 8

Organização de serviços A. Luiz visita a cidade Nosso Lar, indo ao Ministério do Auxílio: largas avenidas, ar puro, muitas pessoas indo e vindo. Nosso Lar tem 6 (seis) Ministérios (da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina), cada um orientado por 12 (doze) Ministros. Na História de Nosso Lar consta que foi fundado por portugueses distintos, desencarnados no Brasil, no século XVI.

CAPÍTULO 9

Problema de alimentação Preciosas informações quanto ao abastecimento alimentar: em Nosso Lar, no passado, houve demandas; após, a alimentação passou a ser por inalação de princípios vitais da atmosfera e água misturada a elementos solares, elétricos e magnéticos. Só entre os mais necessitados é que há alimentos que lembram os da Terra.

CAPÍTULO 10

No Bosque das Águas A. Luiz vai ao grande reservatório de água (!). Viaja no aeróbus, veículo aéreo semelhante a um grande funicular (veículo terreno cuja tração é proporcionada por cabos acionados por motor estacionário e que é geralmente usado para vencer grandes diferenças de nível). Vê um grande rio: o Rio Azul. É exaltada a importância da água, tão deslembrada dos humanos…

CAPÍTULO 11

Notícias do Plano Como Nosso Lar, existem incontáveis outras colônias espirituais. É citada a de Alvorada Nova, vizinha. No Nosso Lar preparam-se reencarnações, após proveitosos aprendizados para as futuras tarefas planetárias.

CAPÍTULO 12

O Umbral É descrito que o Umbral começa na crosta terrestre, como zona obscura para os recém-desencarnados. É região em torno do planeta e de profundo interesse para os encarnados. É local de grandes perturbações, pelas legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes. Lá existem núcleos de malfeitores, verdugos e vítimas. Acha-se repleto de formas-pensamento de encarnados, sintonizados com os desencarnados que lá estão.

CAPÍTULO 13

No Gabinete do Ministro A. Luiz apresenta-se a Clarêncio como voluntário ao serviço. Assiste ao diálogo do Ministro com uma voluntária, mãe, desejosa de proteger dois filhos encarnados. Tem notícia do bônus-hora (ponto relativo a cada hora de serviço).

CAPÍTULO 14

Elucidações de Clarêncio O Ministro, com fraternidade expõe a A. Luiz que pelo seu passado não poderá ser médico em Nosso Lar e sim aprendiz. E isso devido a rogativas de sua mãe e graças às seis mil consulta a necessitados nos quinze anos de clínica médica terrena dele… Dos atendidos nessas seis mil consultas, quinze ainda fazem preces a seu favor.

CAPÍTULO 15

A visita materna A. Luiz recebe visita de sua mãe, espírito excelso, que o consola com extremado amor. Vive em esferas mais elevadas.

CAPÍTULO 16

Confidências A mãe de A. Luiz informa-lhe que o pai está a doze anos em zona de trevas compactas, conseqüência de mau procedimento quando encarnado, com ligações clandestinas e promessas não cumpridas a mulheres, do que resultou amealhar obsessoras vingativas. Sua mãe dá-lhe notícias de suas três irmãs (desencarnadas).

CAPÍTULO 17

Em casa de Lísias A. Luiz é hospedado na casa da mãe de Lísias, onde conhece as duas irmãs dele. Vê livros maravilhosos e então lhe é dito que os escritores de má-fé, que estimam o veneno psicológico são conduzidos imediatamente para as zonas obscuras do Umbral, e lá permanecerão, até regenerarem-se…

CAPÍTULO 18

Amor, alimento das almas Novas lições sobre alimentação no Nosso Lar. Na nutrição espiritual o Amor é o maior sustentáculo das criaturas. É citado que o sexo é manifestação sagrada do Amor universal e divino.

CAPÍTULO 19

A jovem desencarnada A neta de Laura, recém-desencarnada, sofre ante a lembrança do noivo que, mesmo antes dela desencarnar, ligara-se a uma amiga sua. Laura emite preciosas lições sobre o Amor e sobre a fidelidade.

CAPÍTULO 20

Noções de Lar O lar é esquematizado por conceitos matemáticos (!), acoplados a profundos conceitos morais.

CAPÍTULO 21

Continuando a palestra Explicações sobre o bônus-hora: sua aquisição (com trabalho pelo próximo) e sua aplicação no Nosso Lar. É citado que a recordação do passado exige equilíbrio e forçá-la poderá causar desequilíbrio e loucura.

CAPÍTULO 22

O bônus-hora Detalhes sobre essa interessante retribuição por serviços prestados, valorizando o trabalho pelo bem coletivo.

CAPÍTULO 23

Saber ouvir Notas sobre a inconveniência da maioria dos desencarnados terem notícias dos encarnados com os quais se ligavam. Geralmente, ocorrem desequilíbrios…

CAPÍTULO 24

O impressionante apelo Notícias (Agosto/1939) da 2ª Guerra Mundial, então prestes a eclodir… Ouve-se em Nosso Lar apelos de uma emissora espiritual, solicitando voluntários à assistência a coletividades terrenas indefesas, que sofrerão os horrores de uma grande guerra…

CAPÍTULO 25

Generoso alvitre Sugestões de Laura a A. Luiz quanto às futuras atividades que ele poderá exercer em Nosso Lar.

CAPÍTULO 26

Novas perspectivas A. Luiz vai às Câmaras de Retificação, localizadas em pavimentos de pouca luz, onde estão hospitalizados Espíritos necessitados nos primeiros tempos de moradia em Nosso Lar.

CAPÍTULO 27

O trabalho, enfim Nas Câmaras de Retificação A. Luiz fica impressionado com os quadros de sofrimento dali: milionários das sensações físicas, transformados em mendigos da alma. Espontaneamente, num ato de exemplar humildade, se transforma em auxiliar da limpeza de vômitos de substância negra e fétida – fluidos venenosos expelidos por Espíritos que se beneficiaram de passes.

CAPÍTULO 28

Em serviço A. Luiz prontifica-se (sendo aceito) a trabalhar no período noturno nas Câmaras de Retificação.

CAPÍTULO 29

A visão de Francisco A terrível angústia do Espírito que vê o próprio corpo e julga-o um monstro a atormentá-lo (esse Espírito era excessivamente apegado ao corpo físico e faleceu por desastre, só deixando-o quando, tomado de horror, vê os vermes desfazendo os despojos).

CAPÍTULO 30

Herança e eutanásia A disputa entre familiares por herança… Triste caso de eutanásia, associada a interesses financeiros de um dos herdeiros.

CAPÍTULO 31

Vampiro Há a impressionante narração do Espírito de uma mulher que queria adentrar no Nosso Lar, pelos fundos, sendo impedida pelo vigilante-chefe por se tratar de forte vampiro (trazia impressos em seu perispírito 58 pontos negros, correspondentes a igual número de abortos que praticara…). Sua admissão nas dependências de Nosso Lar colocaria em perigo os pacientes lá internados.

CAPÍTULO 32

Notícias de Veneranda Em Nosso Lar existem os Salões Verdes por toda parte. São parques em árvores acolhedoras, locais de conferências ministeriais foram criados sob inspiração superior da Ministra Veneranda, que possui o maior número de bônus-hora: um milhão de horas de trabalho útil (em 200 anos de atividade ali).

CAPÍTULO 33

Curiosas observações A. Luiz reflete sobre sua vida de chefe de família que pouco edificara no espírito da esposa e filhos. Assusta-se quando vê dois elevados Espíritos ainda encarnados, em visita ao Nosso Lar, pois apresentavam características diferentes, em relação aos Espíritos desencarnados dali. Em passeio, vê cães, pomares e íbis junto às equipes socorristas, vindo a saber que prestam precioso auxílio quando das incursões no Umbral.

CAPÍTULO 34

Com os recém-chegados do Umbral A. Luiz atende uma senhora assistida pelos Samaritanos e por imprudência abre diálogo improdutivo com ela, movido por curiosidade. Ela se desfaz em lamentações. A. Luiz é advertido por Narcisa.

CAPÍTULO 35

Encontro singular A. Luiz encontra-se com antigo conhecido, o qual foi prejudicado por seu pai e por ele próprio, quando encarnados. Arrependido agora lhe pede perdão, num dos mais belos trechos dessa sublime obra literária.

CAPÍTULO 36

O sonho A. Luiz dorme, deixa o veículo inferior (perispírito) no leito e sonha. Vai a uma esfera mais elevada e encontra-se com a mãe. É louvado e incentivado o trabalho pelo próximo, com novos esclarecimentos sobre o bônus-hora. Obs: Por este capítulo refletimos que se os desencarnados dormem e sonham, deixando o perispírito no leito, provavelmente será com outro corpo que se deslocam: pode ser com o corpo mental, envoltório sutil da mente, aludido pelo próprio A. Luiz em 1958, na p. 25, Cap II, 11ª Ed., do Livro Evolução em Dois Mundos, FEB, RJ/RJ.

CAPÍTULO 37

A preleção da Ministra Observações sobre o pensamento: força essencial em todo o Universo, capaz de gerar o que se queira bom ou mau…

CAPÍTULO 38

O caso Tobias Reflexões sobre o(s) casamento(s) e o ciúme. Em Nosso Lar, duas ex-esposas de Tobias são amigas sinceras e convivem felizes.

CAPÍTULO 39

Ouvindo a senhora Laura A. Luiz lembrava-se, atormentado por saudades, da família terrestre. Ouve, então, preciosas explicações sobre o espírito de seqüência que rege os quadros evolutivos da vida. É enaltecida a Bondade divina ao reunir desafetos pela consangüinidade.

CAPÍTULO 40

Quem semeia colherá No departamento feminino das Câmaras de Retificação A. Luiz reencontra Elisa, que fora doméstica no seu lar terreno e da qual aproveitou-se irresponsavelmente. Ampara-a agora com extremado cuidado e bondade.

CAPÍTULO 41

Convocados à luta Irrompe a 2ª Guerra Mundial, com repercussões negativas em Nosso Lar. Por essa lição ficamos sabendo como o plano terreno também influencia o espiritual, no caso, negativamente.

CAPÍTULO 42

A palavra do Governador O medo é classificado como dos piores inimigos da criatura. Duas mil vozes entoam o hino Sempre Contigo, Senhor Jesus. A. Luiz vê pela primeira vez o Governador de Nosso Lar. O Governador esclarece aos trabalhadores de Nosso Lar os deveres relativos aos problemas criados pela Guerra. Informa serem necessários 30 mil servidores voluntários, desprendidos, para criar defesas especiais. Cita que em Nosso Lar são mais de um milhão de criaturas, que não podem ser agredidas pela invasão de milhões de espíritos desordeiros.

CAPÍTULO 43

Em conversação Comentários sobre os horrores da Guerra. Nesse contexto, o Espiritismo sobressai como a grande esperança do Plano Espiritual, como o Consolador da humanidade.

CAPÍTULO 44

As trevas As trevas são as regiões mais inferiores conhecidas em Nosso Lar, abaixo do próprio nível terreno (!). Ali, Espíritos jazem por séculos e séculos… Na verdade, encarnados ou desencarnados, Espíritos têm belas oportunidades de progresso, mas a maioria as renega.

CAPÍTULO 45

No Campo da Música A. Luiz, feliz, integrado às atividades socorristas, foi conhecer o Campo da Música, onde se extasia ante a beleza musical do ambiente, espiritualizado: todos os Espíritos ali comentando com alegria a vida e os ensinamentos de Jesus.

CAPÍTULO 46

Sacrifício de mulher Um ano após iniciar trabalhos A. Luiz sentia imensas saudades do lar terrestre. Sua mãe informa-lhe que breve ela reencarnará, visando amparar o ex-marido, mergulhado em problemas, perseguido por mulheres com as quais não procedeu corretamente. Essas mulheres, no futuro, reencarnarão e a mãe de A. Luiz ser-lhes-á mãe (!). São citadas as reencarnações compulsórias.

CAPÍTULO 47

A volta de Laura A mãe de Lísias reencarnará em dois dias. Recebe fraternais despedidas dos amigos de Nosso Lar, A. Luiz inclusive. É citado o quanto de amparo espiritual recebem os trabalhadores de boa-vontade, principalmente em ocasiões tão importantes, como quando vão reencarnar.

CAPÍTULO 48

Culto familiar É descrita a existência de um Globo de Cristal, com aproximadamente 2 m. de altura (utilizado para recepcionar Espíritos encarnados, nessa singular e invertida forma de reuniões mediúnicas no Plano Espiritual).

CAPÍTULO 49

Regressando à casa A. Luiz visita, finalmente, o lar terrestre. Ali, encontra tudo diferente… a ex-esposa novamente casada e seu atual marido gravemente enfermo, além de estar assediado por Espíritos infelizes. A. Luiz sente-se roubado… Só uma de suas filhas sintonizou espiritualmente com ele. Mas, os ensinamentos auferidos em Nosso Lar, falam mais alto e o Amor explode em seu coração… (!).

CAPÍTULO 50

Cidadão de Nosso Lar – Pondo em prática tudo o que aprendera sobre o amor ao próximo A. Luiz socorre o enfermo. Auxiliado por Narcisa e por servidores comuns do reino vegetal. Obs: Espíritos da Natureza: seriam esses Espíritos aqui citados, com ação sobre a Natureza, os mesmos citados por Allan Kardec nas questões 536 a 540 do O Livro dos Espíritos? De volta ao Nosso Lar, feliz pela vitória do bem em si mesmo, A. Luiz é recepcionado festivamente com a honrosa declaração de que passou a ser Cidadão de Nosso Lar.










(Selma)

O Adilson não vive só de Blog

Nos comentários do Adilson é fácil perceber que ele domina a leitura bíblica bem como tem contribuído nesse blog sobre o uso dos artigos definidos, bastante comum em nossa gramática, mas difícil de perceber nos escritos mais remotos. Uma coisa é afirmar que Adilson é viajante, e outra bem diferente é afirmar que ele é O Viajante, um artigo muda tudo e assim ele questiona várias práticas religiosas e que estão muito longe da maneira como ele interpreta a palavra de Deus.

Mesmo assim, muito do que se lê na Biblia tem ressonância na vida do dia a dia. Logo nos primeiros capítulos, vemos Eva e Adão comendo a maçã da Apple, hoje nós somos milhões vivendo de iPod, iPhone e iPad e alguns Mac Books. Jesus reclamou que muitos não honram o pai e mãe do alheio, certamente Jesus estava pensando no Adilson, no Marciano Alado, no Vai Volta e no Sr Joseph. Enfim, o Blog da Selma é um exemplo atual de que fazemos tudo aquilo que foi escrito na Biblia, logo somos todos bíblicos no sentido literal da palavra. Claro que é impossível desobedecér todos os mandamentos de Deus, muitos deles foram incorporados na Constituição Federal de 1988. Por exemplo, se você roubar o vibrador do Adilson, certamente você será punido agora e não no Dia do Julgamento.

Frank K Hosaka
fhosaka@uol.com.br (11)8199-7091 Diadema-SP

terça-feira, 28 de junho de 2011

É possível viver como manda a Bíblia?

Seria possível viver exatamente como a Bíblia manda? Acreditar exatamente em tudinho o que está escrito?


E se Moisés morasse em Nova York? Um jornalista americano decidiu passar um ano inteiro seguindo as leis bíblicas ao pé da letra

(Texto Marcos Nogueira)
Jesus respondeu, e disse-lhe: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus”.
Disse-lhe Nicodemos: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer”?
João, 3:3-4

Nicodemos não era burro nem ignorante. São Nicodemos, aliás, era um homem letrado, um rabino do sinédrio de Jerusalém – algo como o Supremo Tribunal da Judéia nos tempos bíblicos. Jesus falava de renascimento espiritual, mas o sábio tomou demasiado literalmente Suas palavras, como mostra o Evangelho de São João. Se até os contemporâneos de Jesus tinham problemas com tantas parábolas, metáforas e alegorias, imagine o que não ocorre às pessoas do século 21, desacostumadas ao estilo empolado em que os livros da Bíblia foram escritos, milhares de anos atrás.

Aqueles que interpretam a Bíblia ao pé da letra não apenas existem, como têm voz no gabinete presidencial dos EUA. São os fundamentalistas bíblicos. Eles crêem que o Universo foi criado em 7 dias de 24 horas e não duvidam que Matusalém tenha morrido aos 969 anos (e concebido um filho aos 187 anos). Mais: a palavra é a lei. Se os livros mandam dar o dízimo, lá se vão 10% da renda da pessoa; se os textos sagrados condenam a luxúria, é dever zelar pela castidade – a própria e a alheia.

O jornalista americano A.J. Jacobs fez uma lista de 72 páginas com mais de 700 regras, do Gênesis ao Apocalipse, que arbitram a conduta do homem comum. Decidiu que passaria um ano vivendo de acordo com os preceitos bíblicos, interpretando sozinho as escrituras. E encarnou o “fundamentalista máximo”, como ele define na introdução do livro que resultou desse projeto, The Year of Living Biblically (“O Ano em Que Vivi Biblicamente”, ainda sem previsão de lançamento no Brasil).

Jacobs, um judeu que se define como agnóstico no início do livro, dividiu sua missão da seguinte forma: apenas os 3 últimos meses seriam dedicados ao Novo Testamento, exclusivo dos cristãos; os 9 primeiros abordariam o Velho Testamento, que cobre um período histórico muito mais extenso e também é adotado pelo judaísmo. Muitos dos ditames dos livros mais antigos já são observados pelos judeus de correntes ortodoxas.

No decorrer do tal ano bíblico, Jacobs foi se metamorfoseando numa espécie de Moisés a perambular pelas ruas de Nova York. Parou de aparar a barba (Levítico, 19:27), usou azeite como condicionador capilar e passou a vestir uma túnica branca (Eclesiastes, 9:8). Ainda no quesito ves­tuário, livrou-se das peças cujo tecido misturava lã e linho, pois a lei sagrada proíbe tal combinação (Levítico, 19:19). Jacobs esperava ser o único americano do século 21 a cumprir tal norma, mas encontrou um inspetor religioso especializado em examinar as roupas alheias ao microscópio, para detectar as fibras proibidas.

Julie, a mulher de A.J., não ficou lá muito contente com o novo visual do marido, mas foi outra regra bíblica que balançou a casa dos Jacobs: a proibição de tocar mulheres durante o período menstrual (Levítico, 15:19). Da porta para fora, tudo era uma maravilha para Julie. Ele não encostaria em nenhuma outra mulher, sequer apertaria sua mão, já que não poderia saber se ela estava ou não naqueles dias – exceção feita para uma colega da redação da revista Esquire, que lhe enviou as datas por e-mail. Dentro de casa, porém, a coisa ficou feia. A regra é clara e diz que a impureza da mulher menstruada se transmite para onde ela repousar o traseiro. Para contagiar o marido com sua irritação, Julie passou a sentar em todas as cadeiras do apartamento. Nosso herói não teve outra saída senão comprar um banquinho portátil que, quando dobrado, vira um cajado. Nada mais bíblico.

A esta altura, você já deve ter notado que uma boa parte das citações deste texto tem origem no Levítico. Esse é o livro que descreve o episódio em que Deus chama Moisés para o topo do monte Sinai e lhe dita os 10 mandamentos. Mas a coisa não acabou aí: Moisés passou 40 dias escutando as leis que o Senhor tinha a passar para o povo de Israel. Algumas diziam respeito à alimentação. Porco não pode (11:7). Coelho não pode (11:5). Escargot não pode (11:30). Camarão não pode (11:12), independentemente do tamanho – por acreditar que existam crustáceos microscópicos na água encanada de Nova York, alguns rabinos de lá recomendam o uso exclusivo de água mineral.
Jacobs obedeceu a todas as proibições.Mas o que de fato chamou sua atenção foi um alimento permitido: insetos saltadores (Levítico, 11:22). E por que diabos (ops!) comer grilos e gafanhotos?
“A única referência a esse hábito na Bíblia é a história de são João Batista, que sobreviveu à base de gafanhotos e mel”, diz Jacobs no livro. O autor, então, agiu como o santo: encomendou uma caixa de bombons de grilo e, mui biblicamente, repartiu a refeição com um relutante amigo. Nojento? Talvez, mas nada mais que isso.

Já a ordem bíblica para apedrejar adúlteros (Levítico, 20:10) induz ao crime de assassinato. O sagaz Jacobs encontrou um jeito para obedecer à lei divina sem cair nas malhas da lei mundana. “A Bíblia não especifica o tamanho das pedras”, afirma. O que ele fez, então? Encheu o bolso com pedregulhos e foi à cata de uma vítima, o que deveria ser a parte mais difícil da tarefa. Eis que um desconhecido de 70 anos ou mais agrediu verbalmente nosso aspirante a beato, perguntando por que ele “se vestia como uma bicha”. Jacobs explicou que estava lá para apedrejar adúlteros. “Eu sou um adúltero”, disse o homem – e levou uma pedrada de leve no peito. Ponto para o vingador bíblico.

Manter escravos também não pega muito bem no Ocidente do século 21, mas era  prática corrente em todo o mundo na Antiguidade. O Velho Testamento, inclusive, traz instruções para espancar o servo sem causar sua morte imediata (Êxodo, 21:21) e recomenda não arrancar seu olho (Êxodo, 21:26), sob pena de ter de libertá-lo. Jacobs já havia desistido do personal escravo quando recebeu o seguinte e-mail: um universitário se oferecia como estagiário particular. “Qual é a coisa mais próxima da escravidão nos EUA?”, pergunta o autor. “Estágio não remunerado”, responde ele mesmo. “Caiu do céu.” O rapaz aceitou a condição do escritor – que exigiu chamá-lo de “escravo” –, mas o pior castigo que recebeu foi tirar algumas cópias xerox.   

Para que fazer tudo isso, afinal? O apedrejamento e o escravo foram apenas brincadeiras – embora o estagiário tenha realmente caído do céu. De resto, Jacobs não se ocupou somente de costumes exóticos e bizarros para faturar com o livro (a honestidade bíblica o obrigou a dizer que esse era, sim, um dos motivos de seu projeto). Ele impôs a si mesmo uma rotina de rezas (Salmos, 105:1), de caridade (Lucas, 11:41), de respeito às tradições de seu povo e aos idosos (Levítico, 19:32). Até palavrão ele parou de falar (Efésios, 5:4).

Essa parte menos espetacular do ano bíblico de Jacobs foi justamente a mais difícil. Para reprimir a luxúria (Oséias, 4:10), o autor cobriu com fita adesiva as imagens de potencial apelo sexual de sua casa – inclusive a foto de uma mulher vestida de gueixa numa caixa de chá. Não funcionou. O método mais eficiente de resistir à tentação, segundo ele, era pensar na própria mãe (aqui temos um claro abuso do voto de honestidade do autor).

Também a cobiça (Êxodo, 20:17) foi dura de controlar. Um dia, Jacobs listou as coisas que cobiçara desde a manhã: o cachê que outro escritor cobra por palestra, um computador PDA, a paz mental do fulano da loja de Bíblias, o jardim da vizinha, George Clooney e o roteiro do filme Como Enlouquecer Seu Chefe, de Mike Judd. E isso ele escreveu às 2 horas da tarde.

O maior desafio de A.J. Jacobs, contudo, foi a fé – que, convenhamos, é um requisito e tanto para ser plenamente bíblico. O escritor do início do livro é um homem de 38 anos, com um filho de 2 anos e uma enorme vontade de aumentar a família (Gênesis, 1:22). Ele não tem fé, mas sente falta de um alicerce moral para o próprio lar e mergulha na religião, um terreno desconhecido. Nos primeiros meses, sente-se desconfortável ao rezar; perto do fim do projeto, experimenta o êxtase místico – dançando feito um rabino louco ao som de Beyoncé, na festa de 12 anos (bat mitzvah) de uma sobrinha. Mas ainda se declara agnóstico.

Aparentemente, o cara conseguiu encontrar o sentido que buscava. E uma explicação, embora nem sempre convincente, para cada uma das regras bíblicas. A enorme barba, por exemplo, serve para indicar que se trata de um homem de paz. Um guerreiro nunca a usaria, pois o inimigo se agarraria aos seus pêlos – assim lhe disse um líder religioso em Jerusalém.

Jacobs encontra sentido até no mais estapafúrdio dos mandamentos, que ordena decepar as mãos da mulher que agarrar “as vergonhas” do oponente de seu marido em uma briga (Deuteronômio, 25:11-12). Aqui, a mensagem oculta é: a mulher causou vergonha tanto ao próprio marido (que venceu a luta injustamente) quanto ao inimigo dele. A interpretação rabínica das escrituras diz que a mulher que envergonha o marido deve pagar uma multa – a mutilação é metafórica.

Se os judeus aceitam como metáfora uma ordem divina e os cristãos ignoram muito do Velho Testamento – a vinda de Cristo teria anulado a necessidade de circuncisão, entre outras coisas –, quem segue a Bíblia ao pé da letra, de cabo a rabo? “Ninguém”, conclui Jacobs, “nem os fundamentalistas”. Quem se propõe a fazer uma leitura literal da Bíblia acaba sempre escolhendo o que vai obedecer.  



Testemunhas de Jeová
Não prestam serviço militar porque “todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão” (Mateus, 26:52). Não celebram o Natal ou outra data cristã, pois a Bíblia nada fala a respeito disso. Tampouco comemoram aniversários, pois as únicas menções bíblicas a eles são em festas de gente má – um faraó e um rei judeu mancomunado com os romanos. E repelem as transferências de sangue numa interpretação radical da frase bíblica “nenhum sangue comereis” (Levítico, 7:26).


Judeus messiânicos
No capítulo 19 do livro Números, há uma profecia a respeito de uma novilha vermelha, sem nenhum pêlo de outra cor, que deve ser sacrificada e cremada para a purificação espiritual de quem tocar suas cinzas. Acontece que os sacrifícios animais só podem ocorrer no templo de Jerusalém. O 2º templo de Jerusalém foi destruído pelos romanos, e a construção do 3º templo marcará a chegada do Messias. Judeus ultra-ortodoxos dos EUA tentam criar a tal novilha na esperança de que ela seja o estopim dessa era messiânica. Até agora, sem sucesso.


Domadores de cobras
Alguns pastores da Igreja de Deus no sul dos EUA brincam com cobras venenosas como uma prova de fé. Eles fazem isso porque a Bíblia afirma que os homens de fé em Cristo “pegarão nas serpentes” (Marcos, 16:18). Uma interpretação menos literal diz que as cobras são, na verdade, dificuldades e provações.


The Year of Living Biblically
A.J. Jacobs, Simon & Schuster, EUA, 2007. Versão digital disponível para download em: ebooks.palm.com


Bíblia Sagrada









(Selma)