O fim de uma era. Steve Jobs, em uma de suas últimas aparições em público, no ano passado.
FOTO: ERIC RISBERG/AP
Ele se referia ao fim do sonho americano, que já vinha definhando desde o assassinato de Kennedy, passando pela Guerra do Vietnã e culminando com o escândalo de Watergate. É claro que o fim das viagens à Lua também mexeu com a autoestima do norte-americano, mas houve uma sobrevida, que aconteceu logo que os hippies ajudaram a transformar o Vale do Silício em uma das regiões mais inovadoras de todo o mundo. E é claro que essa transformação foi produto do trabalho de várias pessoas, mas um deles, o visionário, foi quem melhor encarnou o novo espírito.
Steve Jobs deixou, última quarta-feira, 24, o cargo de CEO da empresa que fundou em 1976 e que, há menos de um mês, chegou ao topo do mundo dos negócios, ultrapassando a Exxon Mobil no ranking das maiores de seu país. Uma trajetória fantástica, cheia de altos e baixos, que daria um filme bem mais interessante do que o feito sobre o Facebook, no ano passado.
Computador pessoal, interface gráfica, mouse, MP3 player, desenhos animados feitos em computadores, loja de distribuição digital, smartphone, tablet. Ele não inventou nada disso. Mas foi ele quem soube as cobrir com um verniz de encanto e expectativa a aparição de máquinas que apenas seguiam o conceito do sonho americano forjado nos anos 50.
São apenas eletrodomésticos, mas, como se referia Tyson em relação às invenções proporcionadas pela Nasa, eles nos ajudavam a criar uma noção de futuro. Nos davam uma perspectiva de horizonte próximo que nos fazia imaginar como seriam os próximos 5, 10, 50 anos.
A saída de Jobs da linha de frente da Apple coloca não apenas o futuro da empresa em xeque mas também o papel dos Estados Unidos na construção deste novo futuro. O país que regeu o século passado, o fez à base de produtos e aparelhos. Todo o chamado “imperialismo norte-americano” não seria bem sucedido caso não contasse com o aparato tecnológico que tornou carros, discos, tênis, jeans e camiseta, rádio, cinema, celulares e computadores parte do cotidiano de todo o planeta.
Mas o mundo mudou. E o presidente Barack Obama anunciou para seu país, no início do ano, que Google e Facebook, invenções norte-americanas, poderiam dar início ao que ele que se referiu como “o momento Sputnik da nova geração”, citando o primeiro satélite russo lançado no espaço, que deu origem à corrida espacial que colocou os EUA na Lua antes da União Soviética. Mesmo que isso aconteça, não veremos a possibilidade de um novo século americano. Pelo menos não do mesmo jeito que aconteceu no século passado.
Para começar, Google e Facebook não são produtos, são serviços. Ninguém os compra, todos apenas aderem a eles pelo fato de serem gratuitos. Não são palpáveis, não podem ser exibidos como símbolos de status e, por melhores que sejam, podem sim ser copiados e cair em desuso tão rápido quanto ascenderam. Além disso, ambos serviços vivem à sombra do fantasma e um totalitarismo digital, que faz o Google repetir “don’t be evil” (“não faça o mal”) como uma espécie de mantra para não cair em tentação e a figura de Mark Zuckerberg ser vista por mais de uma geração não como um visionário idealista, mas como um robô obcecado por controle.
Google e Facebook não têm ninguém tão carismático e reconhecido pelo público como a Apple tinha. Jobs segue a tradição dos grandes nomes que se consolidaram nos EUA, que une Benjamin Franklin, Henry Ford, Alexander Graham Bell, Levi Strauss, Thomas Edison e Bill Gates, homens que inventaram máquinas que deram origem a indústria inteiras, ao mesmo tempo em que personalizavam estas invenções. Jobs é o filho caçula desse cânone e, ao menos por enquanto, não surgiu ninguém que possa reivindicar o posto de prodígio temporão. Também não surgiu ninguém deste porte vindo da Índia, Rússia, China ou Brasil, o que dá alguma folga para os EUA.
O Estado de S Paulo - Alexandre Matias
Sr.Hosaka,levei um susto,quando vi esse título.
ResponderExcluirPensei que ele tinha morrido.
Fiuuu...o senhorzinho só pediu demissão,para tratar da saúde,e esteve muito certo no que fez.
Haverão outros gênios capazes de administrar a Apple,e acho que ele irá voltar para a empresa,futuramente.
Parabéns à sua sobrinha,pelo aniversário.
Como o tempo passa, hem...
Bah.
ExcluirPassaram poucos dias,ele morreu.
Ficamos com o luto,e com a dúvida sobre o futuro da informática.(dúvida que já passou)
Onde estará ele agora?
Renasceu no céu dos gênios,e de lá,pretende inspirar aos tolos residentes em nosso mundo.
Uma florzinha para o sr.,sr.Steve Jobs.
(mas o sr.vai gostar mais de uma maçã)