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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Clowesia 7, Turbilhão 570, por Srta Nihil (angulimala ou samudra, sei lá...)

Moravam o sr.Adão Hosaka e a sra Eva Nihil, naquele paraíso que eles pensavam ser um paraíso, mas que era que nem mais ou menos o parque muncipal perto do qual eu passei agora há pouco, voltando de um lugar.

Viviam felizes e satisfeitos com tudo,porque não pensavam, e dizem que só aos burraldos, é concedida a prerrogativa da plena felicidade.
Coletavam, e às vezes,assavam a carne de algum bicho que já tinha morrido, numa fogueira de gravetos armada por devas e querubins, pois embora já tivessem mãos, eles não sabiam fazer grande uso delas. Costumavam olhar fascinados para o fogo, e intuir que eles eram um privilegio dos deuses. Que se pudessem dominá-lo, um dia seriam como eles.
Entendiam vocubulários limitados e tinham um repertório de umas cem palavras, cada um- para dizerem coisas básicas aos devas guardiões daquele zoológico.
Eles não usavam roupas, eram peludos, tomavam banho na cachoeira, dormiam debaixo de uma árvore, se escondiam no ôco de uma pedra,em dias de chuvas e trovoadas, e para eles estava sempre tudo bem.
Não trabalhavam, e jamais estariam no cio, como ocorria aos outros bichos.
Eram umas crianças eternas. Ou ainda - não tinham chegado aos dezoito anos, - suponho que para cidadãos muito antigos, a puberdade costumava ser mais tardia.

Um dia, houve uma discussão entre os devas guardiões daquele parque, e um deles achou que aquele casal não poderia ficar por lá para além da maioridade, porque não serviam para ser jardineiros, nem catalogadores.
Um deles, decidiu por conta própria, e à revelia do "diretor"- que iria emancipá-los a uma "condição racional". Quem sabe, quando e se começassem a pensar, ao menos poderiam ser aproveitados posteriormente, como agricultores.

Um dia, dona Eva estava passeando distraída, e assoviava - quando o SerpenTeacher, um deva sábio -aproximou-se dela, e começou a falar-lhe no vocabulário reduzido que ela era capaz de entender, indicando que ela deveria alcançar uma árvore que ficava em cima de um gradil, que nem ela, nem o parceiro, jamais tinham conseguido alcançar, pela altura.
Como Eva Nihil respeitava muito a sabedoria e a habilidade do SerpenTeacher, ela fez de tudo para escalar as grades, já que ele tinha garantido a ela que se ela comesses daqueles figos, ela ia ficar sabida que nem ele.

Ela conseguiu pegar uma fruta, e comeu.

Isso depois de uma tremenda queda.

SerpenTeacher não queria ele mesmo pegar os frutos, pois havia uma filmadora no parque, e se imagens fôssem vistas dele fazendo isso para o "casal primordial", ele poderia ser despedido.
Uma hora se passou, e Eva realmente ficou esperta com muita rapidez.

Gritando, ria sem parar:

_Consegui o que eu vinha tentando há anos!  Alcancei a condição humana!  Alcancei!
  Posso oferecer essa maravilha ao sr.Hosaka, sr.Teacher?

_O que você está esperando, sua cabeça de porongo seco?- o outro responderia, jocoso.- Para que vamos querer dois primatas aqui...esquece, esquece...pega a frutinha e dá pro seu amigo, dá.

Logo Eva pegaria o outro figo, e evitando mais uma queda, iria ao Adão.

Quando tentasse falar com ele,ela se assustaria com seus trinados e rosnados. Pensaria em como tinha aguentado aquela "comunicação" com ele, daquele jeito,por tanto tempo.

_Você vai ter que pensar, pensa,ou pensa. Pensa, ou conta por que não pensa. Come.

_Num tô com fome.-ele diria,com sua voz de Contravocê.

_Se vc não comer, o SerpenTeacher não vai te deixar jantar.

_E o que eu ganho mais com isso, além de não ficar com fome de noite?

_Nós vamos ser donos do parque!

Ele comeu.

Uma hora depois, ambos - loucamente dançavam um com o outro, até que o sr.Adão Hosaka pediria licença à Eva Nihil, e iria para o mato.
Voltaria de lá com uma folha de bananeira, e com dois barbantes - para amarrar na cintura de cada um.

O guardinha do parque logo apareceria para saber o que estava acontecendo, e sorrindo, Nihil contaria a novidade.
SerpenTeacher os havia emancipado à condição humana.
Agora eles tinham cérebro. Eles tinham Cérebro, ela cantava, eles pensavam, eles pensavam...

Depois de mais uma reunião entre os devas, foi decidido que o casal iria embora do parque.
Adão, que já pensava, e que tinha se tornado nerd em agricultura,(o sr.Hosaka sempre vira nerd em alguma coisa) e prevendo o que ia acontecer, já tinha reunido numa casca de côco, todas as sementes da mistura de Jardim Botânico com Jardim Zoológico onde eles viviam.

Portanto, quando lhes fôsse dada a ordem de irem embora, ararem o deserto fora do "parque municipal", sr.Adão HOsaka, já estava preparado.

º
º
Tempos depois, o SerpenTeacher foi despedido do parque, por ter antecipado a decisão para o casal, que cabia só ao "diretor" tomar.

Foi morar na palhoça construída pelo casal que ele fez ter um cérebro.
E a familia, junto desse ilustre "padrinho' deles, viveu feliz para sempre e mais três dias.


(kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...)

2 comentários:

  1. Se eu fosse o Serpen Teacher, eu diria: "Ardendo muito aí?"

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  2. Isso, sr.Hosaka.

    Leia mesmo minhas mensagens Clowesia(são "sobre ou para" o senhor)

    O tempo ainda não apagou a minha vergonha pelo ano passado.
    Tenho a remota esperança de que , se me conhecer melhor- o sr.vai me desculpar, e ficar pelo menos, meu amigo remoto.(desses para os quais mandamos emoticons, em datas especiais,mas aos quais nunca encontramos na vida real)

    Sr.Hosaka, estive na cidade em que o sr.mora, por esses dias.
    (Diadema)
    Parece uma outra cidade onde já morei na região metropolitana de Sampa.

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