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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A Santa Ceia- por mala nihil,

Boa tarde a vcs.

Apesar desse tema ser "melindroso", achei que ele poderá figurar aqui,pois não chega a ser "do outro mundo" também.
A referência no título é sobre a imagem da última ceia do sr.JC, que é tão comum em lares de católicos, e que sugere a harmonia que essas familias gostariam de ter, ou de mostrar que tem.
Aquele quadro sempre me encantou- pois lembra a mim mais do que uma refeição em que um grupo se despede de um amigo, e me leva a imaginar os rituais de colheita antigos,nos campos, e as festas em torno dessas colheitas, quando a alimentação se tornava sagrada- e uma confirmação do quanto se havia trabalhado, e do valor que se tinha na comunidade.
Isso posteriormente, acabou recebendo o nome de festa,e muitas festas foram inventadas.

Mas, o quadro "a última ceia de Cristo" pintado por uns poucos pintores da Renascença- lembra à maioria, uma reunião em família, e figura nas salas dos lares,como um elemento harmonizador no ambiente.

Então- por que muitas brigas dentro de casa, ocorrem justamente quando uma família está reunida em volta de uma mesa- por causa de uma refeição- numa data que pode ser comemorativa, ou num encontro rotineiro?
Eu poderia ter chamado o presente texto de Turbilhão,por versar sobre o comportamento humano,mas Santa Ceia me pareceu um título melhor.
Desde antes do gd do Terra acabar, eu já vinha com esse tema na mente, porque eu ouvi numa emissora espírita(quem a ouve é minha irmã espírita, e eu estava perto), que discussões familiares, especialmente na hora da mesa, "são causadas por obsessores". Não me conformei com a "explicação fácil".
Não que eu não acredite em fantasmas, mas não acho tão legal atribuir a eles todas as nossas dificuldades comuns.
Afinal, se um grupo de pessoas mostra descortesia com mais facilidade nessas horas, isso pode se dever à morfologia das pessoas e do grupo.
E o que me interessa nisso- é a contradição entre nossa noção de sagrado, entre nossos sentimentos mais profundos em torno de como deveria ser uma conduta, e a realidade que facilita justamente o oposto.

É uma "pauta leve", mas algo sobre o que eu ando com vontade de falar.

Vejamos- quais são as pessoas que em geral, se reúnem mais vezes em festas familiares, e que se sentam às vezes- até todos os dias em volta de uma mesa, junto com pais,mães,irmãos, cunhados, tios, avós, etc?

-Crianças e adolescentes, que podem manifestar maneirismos ou falta de boas maneiras em público, porque eles ainda não tem uma noção muito forte de etiqueta.
Às vezes, certos modos pouco corteses deles, podem ser um acinte contra hábitos conservadores no lar.
-Pessoas de meia idade, um tanto estressadas. Pessoas mais "dependentes"  e menos fortes - estão sempre mais perto da familia,ainda que sejam independentes, -isso "porque não sabem de quem podem precisar em alguma hora". Agora, imaginem essas pessoas estressadas junto de crianças bagunceiras.
-Mãezinhas solteiras, ou divorciadas, com crianças pequenas que chutam tudo debaixo da mesa.(imaginem as reclamações e as reclamações a essa mãe sobre "que ela deveria educar o filho")
-tipos que em geral- são desatentos, e que quando estão satisfazendo necessidades físicas e desgutando as coisas, começam a se sentir livres para dizer às pessoas o que eles não teriam coragem de dizer em nenhuma outra hora do dia.
A presença de uma "platéia" parece lhes dar coragem para se expressarem de forma mais candente.

Infelizmente, a realidade é que muitos grupos que se mantêm coesos, não se mantêm coesos por afinidades, mas pelo medo do futuro em situação de isolamento.
São pessoas que muitas vezes - tem boas razões para viverem se amparando - pois não conseguem ter discernimento do que fazem,por razões psicológicas ou de saúde, e essa desatenção- sempre fica evidente em certas reuniões, especialmente se tem algum vinho ou alguma cerveja presente, que tira as inibições de alguns.

-Também muita gente não tem paciência com as críticas dos mais idosos, e não entendem a distimia típica do envelhecimento. Essas pessoas acham que tem que discutir com os pais,ou com os avós, quando o certo,é deixar eles se expressarem - concordar com eles, ou mesmo - contornar o assunto.
Não dá para discutir com cidadãos fortemente convictos dos seus sentimentos íntimos, ainda que estejam errados- e lembrar disso, é uma atitude de misericórdia.

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Uma mesa de refeições de um dia de festa, pode reunir um monte de pessoas de idades, inclinações e preocupações diferentes. Mesmo o fato deles terem ficado muito tempo sem se verem,pode gerar um clima onde se vai falar demais, e sobre tudo.
Um jeito delicado de se evitar problemas então, é aquele interlocutor mais esperto e com mais saúde, não comentar mais nada sobre um tema sobre o qual outra pessoa fala sem parar.
Se o grupo está ou rindo demais, ou se existe a presença de algumas tensões no ambiente, é correto os mais sensíveis se retirarem, e irem ajudar na organização da cozinha, da sala de estar, pois afinal, aquela refeição muitas vezes foi feita por no máximo,três pessoas, que irão muito apreciar uma ajuda para lavar a louça, ou para as providências para que a festa possa ser continuada.

Se alguém vêm falar a vc sobre suas dores físicas, escute com complacência, e lhe dê os conselhos possíveis para a superação dos seus problemas.
Tem pessoas que simplesmente, apenas conversam com seus familiares, e com ninguém mais,portanto,merecem ser ouvidas,até certo ponto.

Também é complicado num domingo, em que todos organizaram uma reunião em casa, muitíssimo bem, definir qual será a música ambiente.
Os mais velhos querem ouvir sambinha ou chorinho, os de idade intermediária,como a dos que escrevem nesse site, preferem rock,os mais novos querem ouvir ráp, ou Beethoven.
Para que não tenhamos que escutar o tempo inteiro um som que parece a cada um individualmente, muito dissonante- podemos escolher uma emissora de rádio da qual todos gostem, ou podemos por baladas antigas do Beegees para tocar, porque mesmo crianças toleram bem a esses cantores.

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Suponho que um estudo antropológico poderia ser feito sobre a tendência atual para se haver problemas na hora do almoço em familia, do jantar em familia, ou no dia da festa.
Entre os irracionais, a comensalidade é uma disputa sangrenta, e um bicho ataca o outro, pela carniça que encontrou, ainda que a quantidade de comida que haja naquele local, seja dez vezes mais do que ele pode tolerar comer.
Mas muitas vezes, fêmeas e outros animais tem que esperar aquele bicho encrenqueiro ir embora de lá, para que depois possam se aproximar da refeição.

Pode ser que o modo de vida que temos tido nos últimos cem anos, dessacralizou um pouco nossos costumes, e nos levou a estágios regressivos em nossa etiqueta social.
Como se inconscientemente, "voltássemos" a ser meros clientes de pet-shop.

Estou falando nisso porque abomino descortesias, e maus modos.
E tem certas coisas nas quais sou conservadora, e que eu não consigo aceitar.
Não acho que o liberalismo dos tempos atuais tenha que ser um liberalismo para se regredir. Nossa tão cara liberdade, tem que servir à causa da nossa melhoria pessoal- ou onde já se viu uma coisa dessas?
Mesmo os leões se respeitam mutuamente, e os macacos tem seu código de ética para a convivência em grupo.
Temos que valorizar nossas familias, a chance de estarmos perto dos amigos, e temos que estar agradecidos a tudo o que o planeta Terra nos concede para que possamos sobreviver todos os dias.
Uma das formas de mostrarmos esse agradecimento, é partilhar os frutos dessa mesma terra, com muita educação, com aqueles que conhecemos.

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O plano para almoços e jantares, a organização prévia de festas nas casas dos parentes, com cada qual levando uma colaboração,para que o peso não fique sobre duas ou três pessoas, a tolerância com os que tem necessidade de desabafo, a orientação antecipada dada às crianças e aos jovens sobre normas de conduta em público- e a paciência de todos com crianças pequenas, que ainda tem problemas motores, é um conjunto de atitudes que muito ajuda.
E isso tudo com uma música de fundo das mais agradáveis.(misericórdia, peçam aos seus filhos pequenos não tocarem músicas da Xuxa esses dias, contem a eles que ninguém gosta...os pequenos são sensíveis, desejam a aprovação social e vão entender.
Automaticamente, escolherão outros artistas.)

Se a convivência é diária- então fica ainda mais fácil.

Pois ninguém nunca vai esquecer das normas de cortesia a serem usadas diariamente na mesa,ou em contato com grupos.

Nada de acharmos que por estarmos em grupo,podemos falar de tudo.
O silêncio nessas horas, é a melhor arma de sobrevivência, porque temos que lembrar que estamos em contato com uma galera de tipos que passaram por diferentes momentos naquele dia, e cujo dia,muitas vezes, não sabemos como foi.
Portanto, o que um escuta eu falar de um jeito, outro irá escutar de outra forma.

Então - assuntos privativos, devem ser de preferência ser comentados com uma pessoa ou com no máximo duas,numa situação particular. Nunca numa mesa.

E normalmente, temos que manter nossos temas de conversa em dia, para que eles não tenham que ser falados em horas inapropriadas.

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Todos os deuses comensais agradecerão pelas nossas atitudes.
Uma Santa Ceia na sala de casa pode ajudar, assim como uma imagem de uma refeição servida ao sr.Buda exposta na cozinha pode ajudar,mas não podemos deixar nossas melhores atitudes só ao encargo do nosso inconsciente.

E todos os nichos grupais ou familiares nos quais vivemos, tem que ser valorizados,mesmo que não tenham sido escolhidos conscientemente, pois muitas vezes, deles precisamos - ou neles simplesmente nos amparamos em sentido afetuoso.
Um dia - seremos as mesmas "mãos" que produzem as festas e as comensalidades, então devemos colaborar para a concórdia num ambiente, pois isso muito nos recomenda para a vida, e pode colaborar com todos para um período melhor, em que nos sentiremos fortalecidos pelos vínculos.

Todos os deuses que já viveram nesse mundo(ou santos, se preferirem) desejaram ver nossa concórdia mútua.
Eles nasceram em épocas em que o plantio e a colheita eram uma grande dificuldade e sonharam com uma utopia alimentar, festiva, familiar e celebrativa para todos os tempos.

Pois viver é festejar, e todas as festas precisam santificar seus integrantes.

Uma boa tarde aos que "ouvira".Tentarei expor um link.
Tenho certeza que o Contravocê vai gostar desse assunto.(hohó!)

Em tempo:
o presente texto não foi nenhum desabafo por problemas ocorridos em reuniões familiares.
As festas natalinas em minha casa, e em casa de parentes, há anos, tem ocorrido na mais absoluta paz, e eles já começaram também a comemorar o festival de wesak, que é o nascimento de Buda(em dezessete de maio) só porque eu comemoro.
Esse tema me foi sugerido, por histórias que ouço nesse sentido, e pelo programa que ouvi na rádio que minha irmã escuta.

http://images.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=santa+ceia&gbv=2


http://images.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=festa+do+wesak&gbv=2

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