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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Até as tartarugas...

Com a verificação de alterações na ionosfera terrestre até dezenas de minutos antes de grandes sismos, o grande problema será dizer, como é que um terremoto que ainda não ocorreu produz alterações a dezenas ou centenas de quilômetros de altitude, até 40 minutos antes!

Há vários fatores que causam alteração na ionosfera. São eles o vento solar, raios cósmicos, atividade solar (erupções solares, manchas, ciclo solar) e o campo magnético terrestre.

De todos estes fatores, o único que teria condições de alterar as condições da ionosfera, a centenas de quilômetros acima da superfície terrestre quando da iminência de um terremoto, seria uma alteração no campo magnético terrestre naquela região.

Em função da disformidade do campo geomagnético, a ionosfera é também irregular, havendo inclusive o que se chama de Anomalia Geomagnética do Atlântico Sul, região na qual o campo magnético terrestre é menos espesso, o que faz inclusive com que o telescópio espacial Hubble não faça observações quando passa por ela (ele fecha o “olho” para não correr o risco de ser atingido e ficar cego).

O terremoto M8.8 em 27.02.2010 no Chile teve profundidade de 35 km e o M9.0 do Japão em 11.03.2011 teve profundidade de 24 Km, segundo o USGS (www.usgs.gov), ou seja, não foram muito profundos, o que foi péssimo para seres humanos, pois causaram grandes danos.

Esta baixa profundidade os colocaria ainda na crosta terrestre se os epicentros dos terremotos tivessem ocorrido em região continental. Como ocorreram em subsolo oceânico, apesar de estarem ainda na litosfera, estavam na região de transição entre ela e o manto, ou seja, no manto superior.

Dadas as características mecânicas, térmicas e a rigidez do manto superior não se diferenciarem muito das observadas nas camadas inferiores da crosta, o fato dos terremotos terem ocorrido nele não podem explicar terem ocorrido alterações na ionosfera anteriores aos sismos de grande magnitude pois, para tanto, alguma alteração capaz de alterar o campo magnético terrestre seria necessária, o que seria inviável neste tipo de região.

Só que as regiões onde estes tremores ocorreram são regiões de subducção, ou seja, são regiões onde a crosta suboceânica mergulha no manto terrestre, fazendo a reciclagem da mesma. E isto muda tudo.

Pois neste caso a fronteira entre a litosfera e o manto inferior não mais é determinada pela profundidade e sim pela morfologia específica daquela região, a qual é dinâmica e altera-se exatamente pela movimentação das estruturas do local. Aí pode estar a resposta.

O que aparentemente ocorre é a alteração nas condições destas fronteiras, com a movimentação de material menos rígido pertencente ao manto, alterando com isto o campo geomagnético de forma a produzir mudanças também na interação das partículas do vento solar com este mesmo campo apenas nesta região, o que produziria a alteração verificada na ionosfera.

Tanto que animais, que reconhecidamente são mais sensíveis a campos elétricos e magnéticos, como serpentes, rãs, pavões, roedores, animais em hibernação, animais aquáticos, cervos, esquilos, hipopótamos, girafas e mesmo tartarugas (até elas são mais sensíveis que nós) alteram de modo drástico o seu comportamento nos momentos que antecedem a grandes tremores.

Talvez seja o caso verificar se podemos produzir pequenas variações na amplitude e na orientação do campo magnético próximo a estes animais e verificar se isto (ou alguma outra alteração) faz os mesmos passarem a se comportar como passam a fazê-lo na iminência de grandes tremores.

Com isto poderemos desenvolver medidores e sistemas automáticos de aquisição e análise de dados para determinar a ocorrência do mesmo padrão observado na iminência destes tremores e utilizar esta informação para prevenir a população em regiões de elevada sismicidade.

Afinal, se tartarugas conseguem, vai ficar muito chato passarmos muito tempo mais sem consegui-lo, mesmo depois de descobrirmos a relação entre a variação na ionosfera e grandes tremores.

Paz e Felicidade a todos

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