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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ciência é uma coisa, tecnologia é outra e engenharia outra ainda

Das três, a primeira que desenvolvemos foi a tecnologia, foi saber fazer as coisas na prática, foi ter know-how para fazer utensílios que funcionavam, de colheres e lanças a grandes barcos, mesmo que nós não fizéssemos a menor ideia do porquê.

Em seguida desenvolvemos conhecimento teórico de como as coisas são, as leis que as governam, ou seja a Ciência (que é conhecimento, em latim). Ou seja, passamos a ter alguma ideia do porquê das coisas funcionarem como funcionam, luta na qual ainda hoje estamos.

Finalmente a engenharia passou a utilizar o conhecimento prático e teórico com a finalidade de produzir, de forma planejada e de acordo com as melhores técnicas para cada caso, estruturas, utensílios, ferramentas e equipamentos uteis aos seres humanos.

A maior parte do que se conhece como avanços científicos, na verdade não passa de avanços tecnológicos e de engenharia. Tanto que muito se fala de engenheiros da NASA, e não de pesquisadores da NASA.

O mesmo ocorre em diversas outras áreas, em que os engenheiros das empresas, alheios às discussões (sobre o sexo dos neutrinos e coisas assim) que os físicos estão tendo nas universidades apenas utilizam pragmaticamente a parte prática do conhecimento de lá proveniente para produzir coisas que funcionem, não caiam, não peguem fogo e não explodam (apesar dos bueiros do Rio serem a exceção que confirma a regra).

Independentemente da opinião dos pesquisadores da academia, os engenheiros simplesmente fazem coisas que funcionam, apesar da última explicação do porquê disto ser objeto de longas discussões, mas fora das fábricas.

A confusão entre tecnologia, ciência e engenharia leva muita gente a “achar” que o atual estágio de avanço de nossos equipamentos é devido às hipóteses, que alguns chamam de teorias, que temos sobre o mais íntimo funcionamento das coisas serem verdadeiras.

Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Sabíamos navegar muito bem e fazer excelente calendários, mesmo quando achávamos que a Terra era chata e o centro do universo. Tínhamos apenas tecnologia, tínhamos engenharia naval, mas não conhecimento científico, e isto não nos impediu de fazer as coisas por milênios.

Da mesma maneira que não impede os engenheiros da NASA, os Steve Jobs e outros de fazerem muito bem feito o que fazem hoje. Quando realmente aprendermos como é o interior da matéria, os cientistas do futuro fatalmente se espantarão com o fato de termos produzido as maravilhas tecnológicas com os rudimentos de conhecimento científico de que dispomos hoje.

A ideia de que o nosso presunçosamente elevado conhecimento científico atual é o responsável pelo desenvolvimento tecnológico é devido aos cientistas puxarem a sardinha para o próprio prato (eles sempre precisam de mais verbas) e ao cientificismo ter se transformado na mais poderosa religião, ao menos no ocidente deste planeta.

Mas os ptolomaicos também utilizavam o fato de poderem prever eclipses com séculos de antecedência como prova categórica de que o seu modelo era o correto. E não era.

Paz e Felicidade a todos.

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